Utilizador:Thiago Marcel/Profmat/MA11/Lista4

Lemmas editar

Lema 1 editar

A composição de duas funções injetivas é injetiva. Ou seja, Se   e   são duas funções injetivas, então  , com   é uma função injetiva.
  • Tome  . Portanto h é injetiva.
    • onde a implicação 1 ocorre por f ser injetiva e a implicação 2 ocorre por g ser injetiva e a implicação 3 ocorre por h ser bem definida.

Lema 2 editar

O conjunto dos Naturais é infinito.
  • Seja  , com  .
  • Tome  . Logo f é injetiva.
  • Tome  , para algum  , logo  . Assim f é sobrejetiva e portanto bijetiva.
  • Assim  . Como  . Portanto o conjunto dos naturais é equipotente a um subconjunto próprio, e assim ele é infinito.

Lema 3 editar

Todo conjunto equipotente com os naturais é infinito.
  • Seja A um conjunto equipotente com os naturais, assim existe uma aplicação bijetiva  . Logo  . Portanto se A fosse finito, o conjunto dos naturais também seria.

Lema 4 editar

Todo conjunto infinito, possui um subconjunto equipotente com os naturais (e portanto infinito).
  • Considere que A seja um conjunto infinito, assim existe uma aplicação função   bem definida e injetiva. Tome  , com   uma restrição de f sobrejetiva.
  • Assim g é bijetiva, então  . Logo   é infinito. Portanto A possui um subconjunto equipotente com os naturais.

Lema 5 editar

Os pares naturais e os impares naturais são equipotentes  entre si e entre os naturais.
  • Tome  , com   e  , com  .
  • f é injetiva: Tome  .
  • f é sobrejetiva: Tome   tal que  .
  • g é injetiva: Tome  .
  • g é sobrejetiva: Tome   tal que  .
  • Portanto f e g são bijetivas e assim  .

Lema 6 editar

Qualquer subconjunto infinito dos naturais é equipotente ao conjunto dos naturais.
  • Seja  , tal que P é um conjunto infinito.
  • Tome   uma aplicação bem definida em  .
  • [construção da enumeração de P]
    • [ ] Como P não é vazio e é subconjunto do conjunto dos naturais, pelo P.B.O.(Princípio da Boa Ordem), existe o menor elemento de P, assim  . Assim tomemos  .
    • [ ] Se   fosse vazio, P seria finito e equipotente com  . Como P é infinito,   e  , pelo P.B.O., existe o menor elemento de  . Assim  . Logo, tome  .
    • [ ] Sucessivamente, temos que para qualquer n=k natural, se   fosse vazio, P seria finito e equipotente com  . Como P é infinito,   e  , pelo P.B.O., existe  . Assim tome  .
    • [ ] Assim, temos que, se   fosse vazio, P seria finito e equipotente com  . Como P é infinito,   e  , pelo P.B.O., existe  . Assim tome  .
  • Pelo modo como fizemos a indução sobre  , a aplicação é bijetiva.
  • Com efeito, f é injetiva: Tome  , logo  .
  • f é sobrejetiva: Tome  (garantido pela indução), tal que  .
  • Assim f é bijetiva e  . Portanto P é enumerável.

1 editar

Prove o Teorema 1.1: A relação de equipotência entre conjuntos é uma relação de equivalência.

Reflexivo editar

Para a relação de equipotência ser reflexiva, qualquer conjunto deve ser equipotente a ele mesmo, ou seja, .
  • Considere a função identidade  .
  • Essa função é sobrejetiva, porque qualquer que seja  Contra-domínio da Id, existe  Domínio da Id, tal que  . Como  .
  • Essa função é injetiva, porque dado  (Pela sobrejetividade da função Id), tal que  . Como  . Como  , temos que  .
  • Portanto a função   é bijetiva. Também temos que A é equipotente a A.

Simétrico editar

A relação de equipotência é simétrica:  
  • Vamos tomar como hipótese que A seja equipotente a B, assim existe uma aplicação   bijetiva e bem-definida.
  • Toda função bijetiva possui inversa, assim seja   uma função bem definida por  .
  • Vamos mostrar que g é sobrejetiva: Tome   . Logo g é sobrejetiva.
    • a implicação 1 ocorre pela definição de f e a implicação 2 ocorre pela definição de g.
  • Vamos mostrar que g é injetiva: Tome  , tal que  . Suponha, por contradição, que  , absurdo, pois havíamos tomado  . Logo  .
    • a implicação 3 ocorre pela definição de g e a implicação 4 ocorre pela definição de f.
  • Portanto a função   é bijetiva. Logo B é equipotente a A.

Transitivo editar

A relação de equipotência é transitiva: se o conjunto  , então o  .
  • Como   existe uma aplicação bijetiva  . E também   existe uma aplicação bijetiva  .
  • Definamos uma aplicação  , sendo h a função composta de g com f, ou seja,  , onde  .
  • Vamos mostrar que h é sobrejetiva: Tome  , tal que  , tal que  . Mas  . Logo h é sobrejetiva.
    • a implicação 1 ocorre pela sobrejetividade de g e a implicação 2 ocorre pela sobrejetividade de f.
  • Como f e g são bijetivas, logo são injetivas e pelo lema 1 a sua composição   é injetiva, portanto h é injetiva.
  • Portanto a função   é bijetiva. Logo A é equipotente a C.

2 editar

Prove o Teorema 1.2: Sejam conjuntos  , então:

2.1 editar

Se A é infinito, então B é infinito
  • Como A é infinito pelo Lema 4, existe um subconjunto  , tal que  
  • Como  , por transitividade  . Logo B possui um subconjunto equipotente com os naturais e portanto B é um conjunto infinito.

2.2 editar

Se B é finito, então A é finito
  • Suponha que A seja infinito. Pelo Lema 4, existe um subconjunto  , tal que  
  • Como  , por transitividade  . Logo B possui um subconjunto equipotente com os naturais e portanto B é um conjunto infinito. Absurdo B ser infinito, pois B é finito, logo foi um absurdo ter suposto que A fosse infinito e portanto A é finito.

3 editar

Prove o Teorema 1.3 Sejam A, B dois conjuntos equipotentes. A é infinito se, e somente se, B é infinito.

  • ( ) Como A é infinito, pelo lema 4, A possui um subconjunto C que é equipotente com os naturais. Logo existe uma aplicação bijetiva  .
  • Temos que  . Vamos mostrar que a aplicação  , com   é uma aplicação injetiva:
    • Tome  
  • Tomemos  , com  . Como h e g são injetivas, pelo lema 1, i é uma aplicação injetiva.
  • Como A é equipotente a B, logo existe uma aplicação bijetiva  . Tome  , com  . Temos por definição da aplicação j que  . Como f e i são injetivas, pelo lema 1, j é uma aplicação injetiva.
  • Vamos tomar uma restrição de j sobrejetiva, seja essa aplicação  , com  , onde k é uma restrição do contradomínio na aplicação j.
    • Vamos mostrar que k é injetiva:  .
      • a implicação 1 ocorre pela injetividade de j e a implicação 2 ocorre pela definição de k
    • vamos mostrar que k é sobrejetiva: Tome  , tal que  .
      • a implicação 3 ocorre pela sobrejetividade de j e a implicação 4 ocorre pela definição de k.
  • Assim k é bijetiva e portanto  . Como  
  • Portanto B possui um subconjunto que é equipotente com os naturais, logo B é infinito.
  • Conclusão da ( ): dado qualquer conjunto infinito, todo conjunto equipotente a ele também é infinito.
  • ( ) Tome  , onde B é infinito. Pela conclusão anterior, temos que A é infinito.

4 editar

Prove o Teorema 1.4: Seja A um conjunto infinito,   e  , então B é infinito.

  • Suponha que B seja finito, logo adicionando   ao conjunto B teríamos que   seria finito, que é um absurdo, pois A é infinito. Portanto foi um absurdo supor que B fosse finito. Logo B é infinito.
  • Com efeito, como A é infinito, logo A possui um subconjunto C que é equipotente aos naturais. Pelo lema 5,  .
  • Em relação a B e C podemos dizer que eles são iguais ou diferentes.
    • Caso B=C, logo B é infinito.
    • Caso   B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.
    • Caso  . Tome uma aplicação bijetiva  .
      • Caso  , para algum n natural par, temos que existe uma   uma restrição injetiva sobre a função f. Temos que  . Como  . Assim temos que B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.
      • Caso  , para algum n natural ímpar, temos que existe uma   uma restrição injetiva sobre a função f. Temos que  . Como  . Assim temos que B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.

5 editar

Teorema 1.5: A é um conjunto finito se, e somente se, A é equipotente com   para algum  
  • ( )
  • Tome A um conjunto finito. Caso A seja vazio, uma aplicação   não faz sentido, já que A não têm elementos. Logo seja  .
  • Tome   uma aplicação. Se ela fosse bijetiva, A seria infinito. Como A não é infinito, essa função é no máximo injetiva. Assim tome   uma aplicação injetiva. Assim
  • Tomando  , temos que g(A) é um subconjunto dos naturais. Caso fosse infinito, teríamos que A seria infinito, logo g(A) é um conjunto finito.
  • Assim tome   uma aplicação bijetiva. Logo  .
  • Seja g uma função construída tomando os elementos dos naturais a partir de 1, assim:
    • [construção de g(A)]
    • Seja  
    • Imagem inversa de 1: Como  , tal que  . Caso  .
    • Imagem inversa de 2: Caso  , tal que  . Caso  .
    • Aplicando o algoritmo acima sobre a imagem inversa de cada natural 1,2,... até que exista um k natural que   para algum k natural.
    • Pela função   ser uma aplicação bijetiva, logo A é equipotente com  .
  • ( )
  • Por hipótese,   para algum  .
  • Caso A fosse infinito, pela bijeção   seria infinito. Mas é um absurdo, pois   é finito. Logo foi um absurdo ter suposto que A era infinito, portanto A é finito.

6 editar

Prove o Teorema 1.6: Todo subconjunto infinito de um conjunto enumerável, é enumerável.

  • Seja A um conjunto enumerável, ou seja equipotente com os naturais. Assim existe uma aplicação bijetiva  , com  .
  • Como B é um subconjunto infinito de A, podemos extrair de f uma função restrição  , com  .
    • Vamos mostrar que a função g é injetiva: Tome  , como  . Pela g,  . Como B é infinito, g(B) é infinito, onde   para algum  
  • Assim tome uma aplicação h: , com   uma aplicação restritiva do contradomínio da função g.
    • vamos mostrar que h é injetiva: Tome  , pela g  .
    • vamos mostrar que h é sobrejetiva: Qualquer que seja  , pela definição de g(B), existe algum   tal que  .
    • Portanto h é bijetiva e assim  . Pelo lema 6,  . Por transitividade, B é enumerável.

7 editar

Prove o corolário 1.9: Existem conjuntos não enumeráveis.

7.1 editar

O intervalo (0,1) não é enumerável

  • Suponha que exista uma aplicação bijetiva entre   e  , assim  .
  • Sabendo que  .
  • Suponha que por construção da enumeração, façamos   onde cada  .
  • Para que f seja bem definida, devemos conseguir relacionar cada n natural com algum número real do intervalo aberto (0,1):  .
  • Assim tome  , para algum t natural, tal que   para cada  .
  •  , porque  ,  , porque  , e assim sucessivamente. Logo  , tal que  . Absurdo, pois a função não fica bem definida. Portanto não existe uma função onde podemos relacionar todos os elementos de (0,1) com um natural.
  • Portanto (0,1) é um conjunto não-enumerável.

7.2 editar

Qualquer intervalo aberto é um conjunto não-enumerável.
  • Basta tomarmos (a,b) como um intervalo qualquer, assim tome a função  , com   é uma função bijetiva, logo  .
  • Com efeito, se (a,b) fosse enumerável, existiria uma aplicação bijetiva  .
  • Como f é bijetiva, existe uma aplicação inversa bijetiva   e assim a função composta   seria bijetiva.

8 editar

Prove a proposição 2.4: Seja K um corpo e  

8.1a editar

O elemento neutro de   em K,  , é único.
  • Suponha que o elemento neutro de   não é único, assim existem os elementos neutros  .
  • Logo devem valer que   e  .
  • Como   e  .
  • Em K vale a comutatividade, assim  
    • a implicação 1 ocorre devida as equações (1) e (2).

8.1b editar

O elemento neutro da   em K,  , é único.
  • Suponha que o elemento neutro de   não é único, assim existem os elementos neutros  .
  • Logo devem valer que   e  .
  • Como   e  .
  • Em K vale a comutatividade, assim  
    • a implicação 1 ocorre devida as equações (1) e (2).

8.2a editar

O elemento inverso de   em K, " ", é único.
  • Suponha que o elemento inverso " " não é único, assim existem os elementos neutros  .
  • Logo devem valer que   e  .
  • Como   e  .
  • Usando   em   e   em   teremos que:   e  .
  • Como   é o elemento neutro de   em K, ou seja,  . Logo   em   e  
  • Portanto o elemento inverso de   em K, " ", é único.

8.4a editar

  (Lei de corte de   em K)
  • Como  , logo   logo  .
  • Pelo elemento inverso de   em K, logo  .
  • Aplicando   em  , teremos que  .
  • Pelo elemento neutro de   em K, logo  .
  • Assim aplicando   em  , teremos que  .

8.3 editar

 , para todo  .
  • Como  , logo  .
  • Aplicando   temos que  .
  • Pelo axioma da distributividade em K,  .
  • Aplicando   em  .
  • Pela lei do corte de   em K,  .
  • Analogamente temos que  .

8.2b editar

O elemento inverso de   em K, " " para   é único.
  • A princípio, caso   Como  , é absurdo termos que  . Logo  
  • Suponha que o elemento inverso " " não é único, assim vamos supor que existem dois elementos inversos  .
  • Logo devem valer que   e  .
  • Como   e  .
  • Usando   em   e   em   teremos que:   e  .
  • Como   é o elemento neutro de   em K, ou seja,  . Logo   em   e  
  • Portanto o elemento inverso de   em  , " ", é único.

8.4b editar

Para  . (Leis de corte de   em K)
  • Como  , logo tome   logo  .
  • K é associativo, logo  .
  • Pelo elemento inverso de   em K, logo  .
  • Aplicando   em  , teremos que  .
Pelo elemento neutro de   em K, logo  .
  • Assim aplicando   em  , teremos que  .

8.5 editar

  ou  . (Não existe divisores de  )
  • Como hipótese temos que  
    • Suponha que  , assim tomemos  , logo  .
    • Como   e pela associatividade de K, temos que  .
    • Como   logo  .
  • Analogamente, supondo que  , teremos que  .
  • Suponha agora que  . Isso é verdade para qualquer y em K. Em particular para quando  .
  • Analogamente suponha que  . Isso é verdade para qualquer x em K. Em particular para quando  .
  • Portanto   ou  .

8.6a editar

  (Regra dos sinais diferentes)
  •  .
    • a igualdade 1 ocorre porque  , a igualdade 2 ocorre porque  , a igualdade 3 ocorre pelo axioma da distributividade em K e a implicação 4 é a conclusão.
  • Tome  .
    • a implicação 5 ocorre por   e  .
  • De modo análogo, conclui-se que  .
  • Portanto:  .

8.6b editar

 . (Regra dos sinais iguais)
  • Assim  
    • as igualdades ocorrem por  .

9 editar

Prove a proposição 3.3: Sejam K um corpo ordenado, P seus elementos positivos, então:

9.1 editar

Se  , então  .
  • Tome   ou   ou  , pela tricotomia definida.
    • (caso  ) Por definição  . Pelo exercício 8.6-b,  .
    • (caso  ) Assim  .
    • (caso  ) Por definição  . Pelo exercício 8.6-b, .
  • Logo qualquer a em K

9.2 editar

 .

9.3 editar

 

10 editar

Prove a proposição 3.6

11 editar

Prove a proposição 5.4

12 editar

Seja K um corpo ordenado.

  • (a) Usando os axioma de Peano, mostre que existe uma aplicação injetiva  , tal que  , onde   é o elemento neutro de multiplicação   em K e satisfaz  
  • (b) Dizemos que o corpo K ordenado é arquimediano se, para todo  , existe   tal que  . Mostre as seguintes equivalências num corpo ordenado arquimediano K:
    • i) o conjunto   não é limitado superiormente.
    • ii) dados  , com  , existe   tal que  .
    • iii) Para cada   de K, existe  
  • (c) Prove que todo corpo ordenado completo é arquimediano.