Reza a lenda que, no século IX, um pastor de cabras etíope, de nome Kaldi, notou que seu rebanho ficava mais agitado e bem disposto quando comia frutinhas vermelhas de um arbusto típico da região. Comentando o fato com um monge, este decidiu experimentar a frutinha em uma infusão com água quente. O monge então notou que a infusão lhe deixava mais desperto e apto a rezar e ler durante muito tempo, sem que caísse no sono. A bebida, então, teria se difundido entre os religiosos da região, até alcançar o Iêmen, onde a planta foi cultivada pela primeira vez.

Cabra nas terras altas etíopes
Cafeeiro nativo no Lago Dana, em Bahar Dahar, na Etiópia
Camponesa etíope com cesta com grãos de café
Preparo de café em Adis-Abeba, na Etiópia

A bebida difundiu-se amplamente pelo mundo árabe, beneficiando-se da proibição imposta às bebidas alcoólicas pela religião islâmica. Com a expansão turca na Europa, a partir do século XV, os europeus tomaram conhecimento da bebida, que ficou conhecida pelo seu nome árabe, qahwa, que significa vinho.

O consumo de café se expandiu então na Europa e os estabelecimentos voltados para o consumo da bebida, os chamados cafés, se tornam importantes locais de convívio social. Os europeus iniciaram plantações de café em suas colônias tropicais, como a Indonésia, a Indochina, o Caribe e as Guianas, visando a abastecer o mercado consumidor europeu. Foi a partir da Guiana Francesa que a primeira muda de cafeeiro foi contrabandeada para o Brasil, em 1727, por meio do sargento-mor Francisco de Mello Palheta, com a colaboração da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa.

A cultura do café no Brasil encontrou as condições mais favoráveis no vale do rio Paraíba do Sul. A exportação do café brasileiro ganhou um grande impulso com a independência da colônia francesa do Haiti em 1804 e a consequente desorganização do setor produtivo haitiano, que era então o grande exportador mundial do produto. A cultura do café, baseada no trabalho escravo em grandes propriedades monocultoras, criou muitas fortunas e sustentou politicamente o Império Brasileiro, que havia surgido em 1822.

Em meados do século XIX, foi inventada a prensa francesa, método de preparo de café que se baseia na pressão de um filtro sobre a mistura de água e pó de café.

Com a erosão e o esgotamento dos solos na região do rio Paraíba do Sul, no Brasil, devidos ao relevo montanhoso e às técnicas agrícolas inadequadas, os cafeicultores locais perderam prestígio político e poder econômico, permitindo a abolição da escravatura em 1888 e a queda da monarquia no ano seguinte. A república instaurada apoiou-se politicamente nos novos cafeicultores do oeste do estado de São Paulo, sediados na cidade de Campinas. Estes novos cafeicultores passaram a incentivar a vinda de trabalhadores imigrantes assalariados para as fazendas de café, procedentes de países como Itália, Espanha e Japão, os quais enfrentavam problemas de desemprego.

No início do século XX, foi criado, na Itália, o caffé espresso, que é produzido através de água quente jogada sob pressão sobre o pó de café. Na mesma época, foi criada a cafeteira italiana moka, que prepara o café no próprio bule em que é esquentada a água.

O Brasil tornou-se o maior produtor mundial de café. As exportações do produto, antes concentradas no porto do Rio de Janeiro, passaram a se utilizar do porto de Santos. A produção de café, no entanto, sofreu um grande abalo em 1929, com a crise mundial decorrente da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. O preço internacional do café despencou, o que fez com que grandes quantidades de café no Brasil fossem queimados e pés de café arrancados, na tentativa de elevar os preços do produto.

Com o tempo, o comércio do café voltou ao normal. Atualmente, o Brasil continua sendo o maior produtor mundial de café[1]. Os Estados Unidos são o maior consumidor mundial do produto[2]. Já a Finlândia é o país com maior consumo per capita[3].

A partir do final do século XX e início do século XXI, observou-se uma tendência mundial de valorização do café gourmet, que é o café com normas mais rígidas de controle de qualidade[4].

Referências