Cerveja/História
Os primeiros registros da fabricação de cerveja situam-se na antiga Suméria, na Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C. Provavelmente, a descoberta da cerveja foi acidental, tendo ocorrido quando algum pedaço de pão de centeio se estragou e passou a apresentar um sabor diferente e agradável, fruto da fermentação alcoólica. Mais tarde, o que havia sido acidental foi transformado num processo padronizado de fabricação. O malte, constituído por grãos de cevada germinados, era moído, misturado com água e assado. Do pão resultante eram retirados pedaços que eram deixados em água, ocorrendo então a fermentação alcoólica que gerava a cerveja. Na antiga Suméria, a cerveja era um alimento importante. Era muito diferente da cerveja atual: era turva e bebida com um pedaço de palha para filtrar os resíduos sólidos da bebida.
A descoberta dos sumérios se difundiu por outros povos: babilônios, egípcios, gregos e romanos. A palavra "cerveja" vem do nome da deusa romana da agricultura, Ceres. O latim biberis, "beber", originou o nome da cerveja no italiano (birra), inglês (beer), francês (bière), línguas eslavas (pivo) e alemão (bier). Diversas substâncias eram usadas para aromatizar a cerveja: folhas de pinheiro, cerejas, ervas aromáticas.
Pouco antes do início da era cristã, os povos germânicos descobriram a cerveja. Até então, a bebida alcoólica consumida pelos germânicos era o hidromel, obtido pela fermentação alcoólica do mel. Um dos tipos atuais de cerveja, a ale, tem o nome derivado do termo alemão antigo para "cerveja": alu, alo ou ealo.
Nessa época, a cerveja era uma bebida típica dos pobres, enquanto os ricos preferiam o vinho.
Com o colapso do império Romano, no século V, os monges foram os únicos que preservaram a cultura escrita. Dentre os conhecimentos preservados, estavam os métodos de fabricação de cerveja. Os mosteiros tornaram-se grandes produtores de cerveja durante a idade Média. Entre eles, o mosteiro beneditino alemão Weihenstephan, perto de Munique, que é considerado a mais antiga cervejaria em funcionamento no mundo, tendo recebido autorização real para funcionar em 1040.
A cerveja disseminou-se principalmente no norte da Europa, região cujo clima úmido não era favorável ao cultivo da uva utilizada na fabricação do vinho.
No século XII, o rei flamengo Gambrinus adiciona pela primeira vez o lúpulo à cerveja, tornando aquele um ingrediente essencial a esta. No entanto, os tchecos reivindicam para si a introdução do lúpulo na cerveja.
Por esta época, as cervejarias e tabernas começaram a se multiplicar nas pequenas cidades europeias. Começou a se notar a relação que existia entre a qualidade das águas utilizadas na fabricação da cerveja e a qualidade da mesma. Consequentemente, as regiões famosas pela boa qualidade das águas minerais começaram a concentrar cervejarias. Exemplos são Burtonon Trent, na Inglaterra; Munique, na Alemanha e Pilsen, na República Tcheca.
Em 1363, começou a ser produzida em Munique, Alemanha, a cerveja de trigo Franziskaner.[1]
No século XV, a cidade alemã de Hamburgo era o maior centro produtor de cerveja no mundo.
Em 1492, Cristóvão Colombo descobriu o continente americano para os europeus. No continente recém-descoberto, os europeus verificaram que os índios consumiam vários tipos de bebidas alcoólicas, entre elas o cauim (cerveja de mandioca) e a chicha (cerveja de milho).
Em 1516, o duque Guilherme IV da Baviera decretou a lei da Pureza (em alemão, Reinheitsgebot), segundo a qual os únicos ingredientes que poderiam ser usados na fabricação da cerveja seriam a cevada, o lúpulo, o fermento e a água.
No século XVIII, foi criada a cerveja pale ale, que, como o nome diz, apresenta uma coloração "pálida", por não utilizar malte torrado em sua fabricação.
Em 1759, foi criada a marca irlandesa de cerveja Guinness.[2]
Em 1808, a cerveja chegou ao Brasil, junto com a família real portuguesa.[3]
Em 1810, foi celebrada a primeira Oktoberfest ("festa de outubro"), em Munique, na Alemanha, em comemoração ao casamento do rei Luís I da Baviera com a princesa Tereza da Saxônia.[4] A Oktoberfest tem como principal característica o elevado consumo de cerveja.
Em 1835, foi descoberto um novo tipo de fermento, o lager, que se desenvolve no fundo dos tanques de fermentação. Por este motivo, este tipo de fermentação passou a ser denominado botton fermentation, ou "baixa fermentação", em oposição às tradicionais cervejas de "alta fermentação" (top fermentation).[5]
Em 1842, criou-se, na cidade de Pilsen, na atual República Tcheca, uma cerveja lager mais clara, que veio a ser denominada cerveja "pilsen", ou "pilsener".
Em 1853, o imigrante alemão Henrique Kremer fundou, na cidade fluminense de Petrópolis, a primeira marca brasileira de cerveja: a Bohemia.[6]
Em 1864, Gerard Adriaan Heineken fundou, em Amsterdã, nos Países Baixos, a cervejaria Heineken.
No século XIX, a técnica de fabricação de cerveja ganhou grande impulso com as descobertas científicas do francês Louis Pasteur, do alemão Carl Von Linde e do dinamarquês Emil Christian Hansen. Pasteur conseguiu identificar, ao microscópio, as leveduras responsáveis pela fermentação da cerveja, bem como os fungos e bactérias responsáveis pela sua deterioração. Pasteur, ainda, descobriu a pasteurização, processo através do qual se conserva por mais tempo os alimentos, submetendo-os a aquecimento e posterior vedação hermética. Linde desenvolveu as modernas técnicas de refrigeração, possibilitando a fabricação de cerveja de baixa fermentação o ano inteiro. Hansen, por sua vez, distinguiu os vários tipos de leveduras, cada um responsável por um tipo diferente de cerveja.[7]
Em 1876, foi lançada, nos Estados Unidos, a Budweiser Lager Beer.[8]
Em 1886, foi fundada, em Erding, na Alemanha, a cervejaria Erdinger, especializada em cerveja de trigo.[9]
Em 1888, a Companhia Antarctica Paulista, sediada no bairro de Água Branca, na cidade brasileira de São Paulo, lançou a cerveja Antarctica.
No mesmo ano, o suíço Joseph Villiger fundou a Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia.
Em 1890, Enrique María Barretto de Ycaza inaugurou a fábrica de cerveja San Miguel, em um bairro homônimo de Manila, capital das Filipinas.
Em 1935, a cerveja Antarctica adotou pinguins em seu rótulo. Os pinguins se tornariam um famoso símbolo da marca[10]
Em 1984, a cidade de Blumenau, no estado brasileiro de Santa Catarina, organizou a sua primeira Oktoberfest: uma celebração das tradições alemãs dos imigrantes, entre elas a cerveja. A Oktoberfest de Blumenau é a segunda maior festa alemã do mundo.[11]
Em 1995 a Dado Bier abre sua fábrica em Porto Alegre. A Dado Bier é a primeira microcervejaria brasileira a seguir o Reinheitsgebot, Decreto de Pureza da Baviera, criado em 1516 para disciplinar a produção cervejeira na Alemanha.[12]
Em 1999, as cervejarias brasileiras Brahma e Antarctica se uniram para formar a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev).
No mesmo ano, quatro amigos começam a fabricar artesanalmente cerveja em Campos do Jordão, no Brasil, imitando o sabor da marca inglesa Spitfire: era o início da cerveja Baden Baden.[13]
Em 2002, surgiu a cerveja Devassa, no Rio de Janeiro. Em pouco tempo, a cerveja fabricada artesanalmente tornou-se cervejaria com fábrica própria e bares espalhados pelo Brasil.[14] No mesmo ano de 2001, a marca brasileira Schincariol lançou sua cerveja especial, a Primus, que é feita com água de fontes naturais do Estado de São Paulo e lúpulo de Hallertau, a região alemã que produz os mais famosos lúpulos do mundo. É a onda mundial das cervejas artesanais e diferenciadas (The Craft Beer Renaissance), que não se limitam às cervejas pilsen normalmente consumidas pelos brasileiros, mas também englobam cervejas de alta fermentação, como a ale e a de trigo.[15] Visando a se enquadrar nessa tendência, a marca brasileira Bohemia lançou, em 2003, a cerveja de trigo de alta fermentação Bohemia Weiss.
Em 2005, a Bohemia inovou ao lançar uma cerveja de alta fermentação do tipo Abadia, a Bohemia Confraria.[16]
Referências
- ↑ http://www.franziskaner.com/2_company_service/2_1_history/index.htm
- ↑ http://www2.guinness.com/en-row/Pages/Home.aspx?me=54c1w445ksunf255xjrh55ig
- ↑ http://www.newton.freitas.nom.br/artigos.asp?cod=178
- ↑ http://www.oktoberfestblumenau.com.br/oktober2009/?IDSESSAO=62
- ↑ http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13021
- ↑ http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/07/bohemia-primeira-cerveja-do-brasil.html
- ↑ http://www.cervisiafilia.com.br/cervmundo.html
- ↑ http://budweiser.com/index.aspx
- ↑ http://www.erdinger.de/en/Company/History.html#Historyandstories...
- ↑ http://www.ambev.com.br/pro_02.htm
- ↑ http://www.oktoberfestblumenau.com.br/oktober2009/?IDSESSAO=6
- ↑ https://www.dadobier.com.br/sobre/
- ↑ http://www.eira.com.br/wow/3,1,47,9367.htm
- ↑ http://mundodasmarcas.blogspot.com/2008/05/cerveja-devassa.html
- ↑ http://www.netcampos.com/guiadepasseios/6/cervejaria_baden_baden/
- ↑ http://www.brejas.com.br/cervejas/brasil/bohemia-confraria/