Civilização romana/Moradias

Moradias editar

Nesta Roma tão diversa, que aliava os conjuntos monumentais mais grandiosos, os edifícios mais gigantescos onde se reuniam multidões, e os serviços de limpeza mais primitivos, como se encontravam instalados os simples cidadãos?

Ainda há menos de um século, os arqueólogos admitiam que as casas de Roma eram todas casas com atrium e os testemunhos dos textos pareciam corroborados pelas escavações das cidades campanienses, isto é, essencialmente pelas escavações de Pompéia. Hoje, o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa empreendidos em Herculano e em Óstia, assim como na própria Roma, alterou a nossa perspectiva. A casa com atrium clássica foi, sem dúvida, e durante muito tempo, a residência romana típica, mas também desde muito cedo - talvez desde o século II a.e.c. - começaram a ser construídas casas de habitação muito diferentes, que se tornaram rapidamente as mais numerosas e que desde a Antiguidade eram designadas pelo termo insula (ilhéu). Durante o Império, as casas de Roma pertenciam a outro tipo, e existia, naturalmente, um grande número de formas intermédias, mas podemos afirmar que as domus, isto é, as casas com atrium, que exigiam uma superfície relativamente vasta e só podiam alojar uma família, regridem constantemente perante as insulae, muito mais econômicas e muito mais rendáveis para os proprietários.

Conhecemos, pelas antigas residências de Pompéia, o tipo clássico da domus, que não pode deixar de recordar, em certos aspectos, algumas formas da casa grega e anuncia a casa moura, de épocas mais próximas de nós. O seu caráter essencial reside no fato de ser fechada sobre si mesma; toda a vida se centra no atrium, recinto a céu aberto no meio do qual a água das chuvas é acolhida num tanque. Este atrium pode ser mais ou menos vasto; o telhado, inclinado para o interior, pode apoiar-se numa estrutura simples ou pode inclinar-se para o exterior para escorrer a água, não para o tanque (impluvium), mas para canais que a conduzam para a rua; também pode ser suportado por colunas que transformem o atrium num verdadeiro peristilo. Mas, seja qual for o dispositivo adotado, a planta mantém-se idêntica, como idêntica se mantém a função do atrium, que se destina a fornecer luz a casa, sem que seja necessário abrir janelas para o exterior. Veja mais...

Referências Bibliográficas editar

  • A. BOETHIUS e J.B. WARD PERKINS, Etruscan and Roman Architetcture: Harmondsworth, 1970;
  • B. GUEGAN, Les Diz Livres de cuisine d'Apicius: Paris, 1933;
  • F. COARELLI, Guida archeologica di Pompei: Roma, 1976.