Civilização Tupi-Guarani/Sociedade: diferenças entre revisões

[edição verificada][edição verificada]
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Adicionei informação.
Adicionei informação.
Linha 1:
[[File:Indios munduruku.jpg|thumb|Índios mundurucus]]
[[File:Pau-ferro tronco2.JPG|thumb|Pau-ferro (''Caesalpinia ferrea''). Em tupi antigo, ''ybyratãybyraoby '',("árvore literalmenteverde") ou ''ybyrapyteruna ''("madeiraárvore durade cerne escuro").<ref>httpNAVARRO, E. A. ''Dicionário de tupi antigo://www a língua indígena clássica do Brasil.comcamnews ''São Paulo.com Global.br/v3/index 2013. p. 521, 522.php?option=com_content&view=article&id=30&Itemid=87</ref>.]]
[[File:Tapír 2.jpg|thumb|Anta (''Tapirus terrestris''). Em tupi antigo, ''tapi'ira''<ref>http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm</ref>. O termo indígena influenciou o nome científico da espécie.]]
[[File:Huka_huka_fight_Kuarup_ceremony.jpg|thumb|Índios praticando o huka-huka]]
Linha 22:
Outra explicação para o seu seminomadismo seria o mito tupi da "terra sem males", difundido pelos pajés, segundo os quais existiria um paraíso terrestre, um lar ancestral, que seria um dia alcançado pelos índios em sua peregrinação através da América do Sul. Devido a suas constantes migrações através da América do Sul, os índios tupis foram chamados pelos estudiosos de "os fenícios da América", numa analogia com o famoso povo comerciante da Ásia Ocidental da antiguidade<ref>CHAIN, M. M. ''Aldeamentos Indígenas (Goiás 1749-1811)''. Segunda edição. São Paulo: Nobel, 1983. p. 48</ref>.
 
Os tupis complementavam sua dieta com caça, pesca e coleta de frutos e raízes. Da mesma forma que a agricultura, estas atividades, com o tempo, esgotavam os recursos de uma área, obrigando a tribo a migrar para novas áreas. Os únicos animais de corte que os índios tupis conseguiram domesticar foram os patos-do-mato (''Cairina moschata'')<ref>GÂNDAVO, P. M. ''A Primeira História do Brasil''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. p. 91</ref>. Os índios carijós, que habitavam o litoral brasileiro entre Cananeia e a lagoa dos Patos, também eram chamados de "índios patos" pelos europeus, por conservarem grande quantidade de aves em suas aldeias.<ref>BUENO, E. ''Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. ''Rio de Janeiro. Objetiva. 1999.p. 58.</ref>
[[File:Cashew Brazil fruit 2.jpg|thumb|Cajueiro com frutos. "Caju" vem do tupi ''aka´yu''.<ref>FERREIRA, A.B.H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.316</ref>]]
[[File:André-thevet-cashew.jpg|thumb|Gravura de 1558 de André Thevet retratando índios tamoios colhendo caju]]
Linha 49:
Os tupis costumavam capturar filhotes de animais selvagens como papagaios, araras, pacas, macacos e várias espécies de pássaros para transformá-los em animais de estimação ou para retirar suas penas, que eram usadas para ornamentação<ref>http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/a_diversidade_das_sociedades_indigenas.pdf</ref>.
 
Os guaranis possuíam um sistema primitivo de correio, o ''parejhara ''(equivalente ao termo tupi antigo ''paresar'', "convidar para festa"),<ref>NAVARRO, E. A. ''Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. ''São Paulo. Global. 2013. p. 373.</ref> que consistia na troca de informações e produtos entre os viajantes que chegavam às aldeias e os moradores das aldeias. Este sistema ajudava na manutenção da coesão cultural dos guaranis, dispersos pela América do Sul. Este correio se utilizava também de um antigo caminho gramado, o ''Peabiru'', que ligava o litoral brasileiro à Cordilheira dos Andes através dos atuais territórios do estado brasileiro do Paraná, do Paraguai e da Bolívia. O ''Peabiru'' era muito utilizado pelos tupis e guaranis para manter contato com o império inca, que era reverenciado como uma civilização superior, capaz de ensinar muitas coisas, como, por exemplo, técnicas de construção civil e variedades de milho. Pesquisadores sugerem que este correio seja uma demonstração da influência cultural inca, pois os antigos incas se notabilizaram por possuir um eficiente sistema de mensageiros corredores que percorriam todo o império inca, ajudando na sua administração.
 
Existe mesmo a hipótese de que o ''Peabiru'' tenha sido uma criação inca, visando à ampliação do império inca até o oceano Atlântico, projeto este que teria sido posteriormente abandonado. Os próprios tupis e guaranis creditam a construção do ''Peabiru'' ao ancestral civilizador ''Sumé''. Como prova do intenso intercâmbio entre os tupis do litoral brasileiro e os incas, existem pelo menos dois registros históricos interessantes: um deles se refere a um machado de bronze que foi observado pelos navegadores portugueses em poder dos tupis, machado este que só poderia ser proveniente dos incas, pois os tupis não conheciam a metalurgia. O outro registro é sobre a presença do vocábulo tupi ''pindá'' (''anzol'') sendo utilizado pelos incas. Ora, este vocábulo foi criado pelos tupis para nomear os anzóis que eles obtiveram dos navegadores portugueses, vocábulo este que percorreu toda a América do Sul até o território inca<ref>CRULS, G. ''Hiléia Amazônica''. Quarta edição. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1976. p. 266</ref>.
Linha 62:
File:Paullinia_cupana_-_Köhler–s_Medizinal-Pflanzen-234.jpg|Guaraná (''Paullinia cupana'')
File:Solrj.JPG|Sol (em tupi, ''kûarasy'')
File:Guaranis.jpg|Líderes guaranis tocando chocalho em encontro em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, no Brasil
File:Kurupí.jpg|Kurupí, criatura da mitologia guarani
File:Caipora.jpg|Caipora ou Curupira