Saara Ocidental/História
Saara Ocidental |
Por volta de 38000 a.C., o norte da África era bem mais úmido do que é atualmente. Grandes florestas dominavam a região. Pinturas rupestres desse período na região mostram búfalos, elefantes e girafas. Por volta de 8000 a.C., a pecuária chegou à região, praticada por povos negros. Porém, em 3000 a.C., começou um processo de desertificação da região, determinando a formação do atual deserto do Saara e forçando a migração dos povos negros da região para o sul. O Deserto do Saara passou a ser ocupado pelos tuaregues, povo de língua berbere que sobrevivia através do comércio utilizando os dromedários como meio de transporte.
A partir do século VII, com a invasão árabe ao norte da África, toda a região do Saara tornou-se islâmica. O uso do idioma árabe se difundiu na região. Vários impérios árabe-berberes se sucederam no domínio da região: o Omíada, o Idríssida, o Fatímida, o Almorávida e o Almóada.
A partir do século XV, navios portugueses começaram a explorar a costa africana em busca do caminho marítimo para a Índia. No litoral do atual Saara Ocidental, se localizava um importante ponto de referência da costa africana: o Cabo Bojador. Cabo este que foi ultrapassado pela primeira vez, por um europeu, pela expedição liderada pelo navegador português Gil Eanes em 1434. Em 1444, os também portugueses Antão Gonçalves, Diogo Afonso e Gomes Pires atingiram o litoral do Saara Ocidental, batizando a região como Rio do Ouro[1].
No século XIX, com a conferência de Berlim (1884-1885), a região passou para domínio espanhol, com o nome de Saara Espanhol[2]. No princípio da década de 1970, com o processo de descolonização na África, começou um movimento nacionalista em prol da emancipação do Saara Espanhol liderado pela Frente Polisário (Frente Popular de Libertação de Saguia el Hamra e Rio de Oro). Em 1973, a Frente Polisário decretou a autonomia do território.
Em 1975, com a morte do ditador espanhol Franco e a consequente redemocratização do país, a Espanha decidiu abandonar a região. Pelo tratado de Madri, a Espanha cedeu dois terços da região ao Marrocos e um terço à Mauritânia. O Marrocos ocupou sua porção com a invasão militar conhecida como marcha Verde. Porém a Frente Polisário, apoiada pela Argélia e sediada na cidade argelina de Tindouff, se opôs militarmente ao tratado, causando pesadas baixas entre os mauritanos e forçando que a Mauritânia abrisse mão, em 1979, de sua porção do território[3].
O Marrocos, porém, continuou a ocupação e construiu, em 1987, um muro de concreto de 1 800 quilômetros de extensão e mais de 1 000 000 de minas terrestres cortando o interior do país para se proteger contra a Frente Polisário. O Marrocos passou a dominar a região do litoral e a Frente Polisário, o interior[4]. Em 1991, a ONU conseguiu um cessar-fogo na região e a aceitação, por ambas as partes do conflito, de um referendo popular que definisse o futuro da região. Porém não houve acordo quanto aos eleitores aptos para a votação: o Marrocos exigia que toda a população atual, inclusive os imigrantes marroquinos, pudessem votar, enquanto que a Frente Polisário exigia que somente os cidadãos contados pelo recenseamento efetuado em 1974 pudessem votar.
Referências
- ↑ http://www.scribd.com/doc/35377023/A-Companhia-Gusmao-e-Pombal-do-Tratado-de-Madri-a-expulsao-do-Imperio
- ↑ http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/saara-ocidental/saara-ocidental.php
- ↑ http://www.mochileiros.com/mauritania-perguntas-e-respostas-t38004.html
- ↑ http://historia.abril.com.br/guerra/saara-ocidental-ultima-colonia-africana-435418.shtml