O estudo das funções deste capítulo refere-se às funções não puramente algébricas, relacionadas a números transcendentais, algumas das quais já conhecemos da matemática elementar, porém é necessário um aprofundamento do tema para o ambiente acadêmico, onde temos que lidar com análises mais detalhadas e complexas.
A integral da função algébrica traz uma indefinição quando :
A existência desta indefinição nos leva a uma questão: Qual o procedimento para integrar a função: ? A resposta é dada na análise numérica, calculando a integral pelos métodos de análise algébrica podemos chegar a seguinte conclusão:
A função ln é chamada de logaritmo natural, a sua base é chamada de número de Euler, ele é um logarítmo conseqüente do cálculo da área sob a curva da função , que pode ser obtido numericamente usando a integral de Riemann e outras técnicas de cálculo numérico. Aproximações deste número são possíveis utilizando-se técnicas de aproximações sucessivas com o uso de séries, discutidas em Cálculo (Volume 3).
Todos os teoremas para logaritmos, que estão incluidos nos cursos de nível médio, podem ser obtidos a partir da análise do logaritmo natural, também chamado de logaritmo Neperiano.
Vejamos os principais teoremas para os logaritmos:
Nas citações abaixo, consideremos ,
Comprovação:
Da definição:
fazendo e quando :
O que comprova o teorema.
Comprovação:
Sendo :
logo:
Comprovação:
Sendo:
-> b vezes, que é:
-> b vezes, resultando:
Da definição do logarítmo natural e a partir do teorema fundamental do cálculo, podemos deduzir a derivada da função logarítmica natural, ou seja, se que é a integral definida de , então a derivada é:
Para integração de funções logarítmicas, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.
A função é chamada de função exponencial na base a, todas as funções exponenciais são introduzidas a partir da definição do logaritmo natural ln x como sua função inversa. As funções exponenciais são estas em que a parte variável é o logaritmo, ou seja:
Se
então:
O que implica , tornando-o uma função, na qual podemos atribuir valores a x e obter uma imagem. O número a é chamado base, este número é facilmente identificado nos logaritmos convencionalmente abordados na matemática elementar, mas qual é a base da função ?
Esta questão nos leva a um novo conceito abordado na próxima seção, o número de Euler.
A base do logarítmo natural é o número de Euler, simbolizado por: e, ele é obtido pela definição do logaritmo natural, esse número corresponde á área sob a curva da função: , quando seu valor é unitário, ou seja:
,
mais formalmente:
O valor deste número pode ser encontrado por aproximação, utilizando-se os métodos de análise de seqûencias e séries, encontrados no livro: Cálculo (Volume 3).
A equação que fornece o valor do número de Euler é dada a seguir:
Nesta equação podemos observar que quanto mais alto o valor de n mais preciso se torna o valor de e.
De maneira simplificada, com base nos conceitos até agora abordados podemos encontrá-la da seguinte maneira:
Se então , logo:
Por outro lado, pela definição:
Para :
Sendo: e
Concluimos que:
A maioria dos teoremas relacionados, têm origem nas conclusões obtidas no estudo do logarítmo natural, dos quais relacionamos os mais usados:
Seja a função , pode-se afirmar que:
Comprovação:
Considerando: e ,
logo:
sendo: e ,
O que comprova o teorema.
De forma similar à análise anterior, sendo a função , pode-se afirmar que:
Comprovação:
Considerando: e ,
logo:
sendo: e ,
O que comprova o teorema.
Seja a função , pode-se afirmar que:
Comprovação:
O que comprova o teorema.
Consideremos que , e conseqüentemente: , se derivarmos implicitamente este expressão:
Curiosamente, teremos:
Ou seja, a função exponencial natural é invariável durante o processo de derivação, o que traz uma série de implicações simplificadoras para estas funções.
Por outro lado se , temos que:
Fazendo e , teremos:
Se , concluimos que:
Que é adotada como uma derivada mais genérica, pois pode ser empregada em qualquer exponencial, pois inclui correção para o fator da base.
Como não poderia ser diferente, o valor da integral da função exponencial natural é a própria função, conforme a regra da reversibilidade entre a derivada e a integral, apenas sendo necessária a devida observação da base, para eventual correção da diferencial e conseqüente introdução de fator de correção, nos casos em que a função torna-se composta.
Desta forma, temos:
,
Sendo C constante.
Logarítmicas com outras bases
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Como foi visto durante o ensino médio, os logaritmos têm uma definição direta e que denota a sua finalidade de expressar o valor do expoente em uma operação exponencial, a definição pura é dada da seguinte forma:
Se então,
Onde: a é chamada base do logaritmo, x é o logaritmando e n é o expoente.
O logaritmo é, portanto, a operação pela qual se obtém o expoente necessário para que a base seja elevada, numa operação exponencial e se obtenha o número x.
A função logarítmica de base a pode ser expressa da seguinte forma:
O que nos possibilita encontrar um valor para cada x expresso na equação.
Analisemos agora a possibilidade de encontrar uma função logarítmica de uma base a e transformá-la em uma função logarítmica de base natural, ou outra base qualquer:
Seja a função , podemos dizer que:
e que ,
como: ,
,
,
,
O que nos possibilita afirmar que:
,
ou
.
Note que a analogia serve para funções logarítmicas de qualquer base, visto que podemos substituir por sendo z a base que substituirá e na análise anterior.
O que nos possibilita considerar que quando temos duas bases, sejam: a e b, podemos promover a troca das bases, de forma que:
A derivada da função logarítmica com base diferente de e pode ser feita por substituição da base. Considerando , temos que:
,
,
logo:
Que nos dá a derivada:
A trigonometria, tal qual vista na matemática elementar, está relacionada com as relações métricas do triângulo retângulo e do ciclo trigonométrico, agora introduziremos o estudo infinitesimal das funções trigonométricas que são largamente utilizadas nas ciências exatas.
Conceitos básicos (Radianos)
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Em um plano definido pelos eixos x e y podemos estabelecer coordenadas cartesianas para cada ponto, o que nos permite identificar cada um dos pontos em qualquer posição do plano, existe outra maneira de encontrar um ponto neste plano; se quisermos estabelecer uma relação triangular podemos determinar a posição de cada ponto no plano da seguinte forma:
Figura 5
Imagine que cada ponto está numa distãncia R do ponto em um plano cartesiano definido por pontos , da mesma forma a reta R, que é definida entre os pontos , forma um ângulo com o eixo x, que chamaremos de , note que podemos identificar qualquer dos pontos no plano a partir de uma reta R e um ângulo .
Observemos que R, quando fixa, é uma reta que determina um conjunto de pontos em torno do ponto , se fizermos variar em todos os valores possíveis teremos uma circunferência. Quando fazemos o valor de R variar teremos diferentes valores de x e y, porém a relação entre eles sempre será a mesma.
Curiosamente, há uma relação entre o perímetro do círculo e o seu diâmetro, ela se apresenta constante qualquer que seja o raio do círculo; o resultado desta relação é um número transcedental chamado PI, representado pela letra grega de mesmo nome: . Resgatando esta relação para a nossa análise podemos dizer que, se chamarmos o perímetro da circunferência, formada no gráfico, de e admitirmos um diâmetro de , então teremos:
Que resulta em:
Que é uma relação bastante esclarecedora, visto que nos mostra uma dependência linear entre o raio e o comprimento de um fio imaginário que pudesse ser usado para seguir o contorno da circunferência do gráfico. Se o raio for unitário teremos um valor de referência para l, que poderá ser usado para encontrar qualquer comprimento de circunferência no gráfico, bastando para isto multiplicá-lo pelo raio, este valor de referência está ligado à circunferência fechada. Por outro lado, se fizermos com que R se desloque de um ângulo nulo, ou seja, que saia do eixo x em direção a y, formando um ângulo , teremos pedaços de circunferência, que chamamos de arcos, considerando que temos um raio unitário e que percorremos um pedaço da circunferência para cada ângulo "" que tomamos, temos uma correspondência entre ângulo e arco, ou seja: podemos nos referir a arcos como unidades de ângulos, esta unidade angular é chamada de Radiano. Qualquer círculo forma radianos e todas as relações entre os pontos da circunferência que o contorna e os eixos cartesianos podem ser referenciadas como relações entre partes desta medida.
Como o radiano é uma medida real, isto nos leva a outra questão: O que determina o sinal negativo ou positivo neste valor?
Acontece uma variação destes valores quando nos deslocamos de um ponto a outro da circunferência, quando saimos do eixo x em direção ao ponto o ângulo cresce, portanto temos que concluir que é positivo, recuando-o ao encontro do eixo x os valores diminuem, portanto se ultrapassarmos o eixo x o valor deve ser menor que zero, nos revelando um ângulo negativo.
Temos, portanto, uma circunferência dentro do plano cartesiano e seus pontos relacionados ao raio R e ao ângulo , são referenciados pelas variáveis x e y no mesmo plano, agora imaginemos funções para que seja possível a partir do raio e do ângulo encontrar as variáveis, estas funções são o seno e o cosseno.
A função seno, simbolizada como:
Nos dá o valor da variável y, ou seja, a altura do ponto em relação ao zero referencial, no encontro dos eixos, conforme espelhada no eixo y, quando o raio R é unitário, caso não seja fazemos .
A função cosseno, simbolizada como:
Nos dá o valor da variável x, ou seja, a distância do ponto em relação ao zero referencial, no encontro dos eixos, conforme espelhada no eixo xquando o raio R é unitário, caso não seja fazemos .
As funções seno e cosseno são periódicas, ou seja, pela natureza do ciclo trigonométrico, quando temos um valor em x maior que temos a representação de um ciclo completo mais um ângulo residual, na verdade o valor representa este ângulo residual, o que nos leva a constatação que sempre será calculado o valor do seno ou cosseno do resto da operação quando um ângulo maior que for sugerido para x.
Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas da
lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações
ou
para representação de seno e cosseno respectivamente, utilizadas na língua inglesa.
Alguns valores de senos e cossenos de certos arcos são perfeitamente dedutíveis através da observação do ciclo, são eles:
Senos e cossenos notáveis
Ângulo
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0
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0
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1
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0
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-1
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1
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0
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-1
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0
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Observando o gráfico podemos também concluir que o sinal do seno é idêntico ao sinal do ângulo, enquanto que o cosseno não acompanha o sinal do ângulo, de forma que cossenos de ângulos negativos são iguais a cossenos dos valores absolutos dos ângulos, ou seja:
sendo ,
enquanto que:
Outros senos e cossenos podem ser obtidos pelas relações métricas no triângulo e são largamente utilizados, são:
Senos e cossenos mais comuns
Ângulo
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As equações desta seção são conseqüência das características dos senos e cossenos, seu comportamento cíclico e sua relação com uma circunferência de raio unitário lhes conferem uma excelente operatividade, possibilitando-nos fácil intercâmbio entre as mesmas.
I-1 Identidade relacional básica
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As funções seno e cosseno estão relacionadas pela equação:
Comprovação:
Observando o ciclo trigonométrico, temos um triângulo cujos catetos são: e e sua hipotenusa é 1, portanto a identidade é conseqüente do conhecido teorema de Pitágoras.
Sejam os ângulos a e b, o cosseno de sua soma é[1]:
Comprovação:
Nos pontos A e B do ciclo trigonométrico, temos os arcos para os ângulos a e b:
Figura 6
A distância entre os pontos P e (A+B) é igual à distância entre -A e B, o quadrado das duas é:
Da identidade básica:
Como e :
O que comprova a identidade.
I-3 Cosseno da diferença
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Sejam os ângulos a e b, o cosseno de sua diferença é[2]:
Comprovação:
Do cosseno da soma:
Substituindo b por -b:
O que comprova a identidade.
I-4 Equivalência angular
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Se o ângulo a é e b é x, então:
logo:
Por outro lado, se:
e
, obtemos:
Sejam os ângulos a e b, o seno de sua soma é[3]:
Comprovação:
Sendo e , temos:
O que comprova a identidade.
Sejam os ângulos a e b, o seno de sua diferença é[1]:
Comprovação:
Se ,
Substituindo b por -b, temos:
e enquanto que , logo:
O que comprova a identidade.
I-7 Produto de dois senos
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Sejam os ângulos a e b, o produto de seus senos é[4]:
Comprovação:
Considerando a identidade do cosseno da diferença de dois ângulos e subtraindo de cada um de seus membros os membros correspondentes da identidade do cosseno da soma de dois ângulos:
O que comprova a identidade.
I-8 Produto de dois cossenos
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Sejam os ângulos a e b, o produto de seus cossenos é[5]:
Comprovação:
Considerando a identidade do cosseno da soma de dois ângulos e somando a cada um de seus membros os membros correspondentes da identidade do cosseno da diferença de dois ângulos:
O que comprova a identidade.
I-9 Produto de seno e cosseno
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Sejam os ângulos a e b, o produto do seno de a pelo cosseno de b é[6]:
Comprovação:
Considerando a identidade do seno da soma de dois ângulos e somando a cada um de seus membros os membros correspondentes da identidade do seno da diferença de dois ângulos:
O que comprova a identidade.
I-10 Soma de dois senos
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Sejam os ângulos p e q, a soma dos senos de p e de q é:
Comprovação:
Podemos dizer que:
substituindo na identidade:
O que comprova a identidade.
I-11 Soma de dois cossenos
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Sejam os ângulos p e q, a soma dos cossenos de p e de q é:
Comprovação:
Seguindo a analogia anterior:
O que comprova a identidade.
I-12 Diferença de dois senos
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Sejam os ângulos p e q, a diferença dos senos de p e de q é:
Comprovação:
substituindo q por -q em:
O que comprova a identidade.
I-13 Diferença de dois cossenos
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Sejam os ângulos p e q, a diferença dos cossenos de p e de q é:
Comprovação:
substituimos q e q, por e em:
O que comprova a identidade.
Limíte trigonométrico fundamental
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Precisaremos de um limite fundamental nas próximas seções, se trata de um limite que é utilizado na dedução das derivadas do seno e do cosseno, faremos sua dedução nesta seção. Considere o ciclo trigonométrico representado a seguir:
Figura 7
A figura 7 mostra a representação de um ângulo no ciclo trigonométrico, o nosso propósito é deduzir o seguinte limite:
Para isto, imagine o triângulo inscrito na circunferência, podemos dizer que o segmento de reta n é uma aproximação grosseira do arco , porém observe que quando o ângulo se aproxima de zero o segmento se torna mais parecido com o respectivo ângulo, algébricamente podemos expressar que:
Por outro lado façamos o cálculo do valor do n; observando o triângulo podemos dizer que:
Logo:
Simplificando temos:
Voltando para o nosso limite, temos que usar as nossas equações anteriores desta forma:
Substituindo o valor do seno no lado da equação relaciondado ao n, teremos:
O que nos leva ao resultado:
A interpretação desse limite é a seguinte:
Uma vez que o ângulo diminui até valores próximos de zero e o arco tende a se assemelhar a uma reta em regiões próximas do zero, o valor do seno é igual ao valor do arco no limite, quando o seu valor se aproxima de ser nulo.
Agora podemos verificar qual a variação da função seno em relação ao seu ângulo, aplicando a definição da derivada ao seno, temos:
Aplicando o seno da soma:
Aplicando os limites:
Temos, então, o limite fundamental que é igual a 1, logo:
Também podemos verificar qual a variação da função cosseno em relação ao seu ângulo, aplicando a definição da derivada ao cosseno, temos:
Aplicando o seno da soma:
Aplicando os limites:
Novamente temos o limite fundamental, logo:
Como conseqüência do resultado da derivada do seno, podemos deduzir que a sua integral, como operação inversa é:
Cuja constante C é a constante devido a indefinição no processo de antidiferenciação, conforme já estudamos anteriormente.
Segundo o mesmo princípio colocado no caso da integral do seno, podemos afirmar que a operação de integração do cosseno é definida por:
Cuja constante C é a constante devido a indefinição no processo de antidiferenciação