Cálculo (Volume 1)/Análise de funções elementares (2)

Wikiversidade - Disciplina: Cálculo I

Trigonométricas II editar

Esta seção é a continuação do estudo trigonométrico, iniciado no capítulo anterior, que foi criada após o aumento progressivo do conteúdo.

Tangente e secante editar

Quando definimos o seno e o cosseno fizemos a referência a seu significado no ciclo trigonométrico, da mesma forma introduziremos a tangente neste momento. Como já vimos anteriormente a derivada é uma função que representa a declividade de uma curva, da mesma forma podemos definir a tangente, pois essencialmente, ela representa a declividade do ciclo para cada ângulo em particular, ou seja, se traçarmos uma reta orgononal a cada ponto do ciclo trigonométrico e relacionarmos ao ângulo que forma com o eixo x, teremos retas com declividades iguais às tangentes desses ângulos. Como cada ponto do ciclo é definido por e o valor inicial é sempre nulo, temos um valor de declividade tal que:

que é:


Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas da lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações ou para representação de tangente e secante respectivamente, utilizadas na língua inglesa.

Desta forma também podemos concluir que a tangente é a representação do cateto oposto ao ângulo quando mantemos o cateto adjacente constante e unitário, cosiderando este ponto de vista, qual seria o valor da hipotenusa?

Para definir h, a hipotenusa, façamos :

Da identidade relacional temos:

portanto:

Este valor é o que chamamos de secante, que é outra função importante para o estudo trigonométrico, então podemos dizer que:


Nas próximas seções veremos que a secante mantém íntimas ralações com a tangente.

Identidades (2) editar

Como definimos as identidades entre seno e cosseno, incluiremos as identidades que incluem tangente e secante nesta seção, todas são algebricamente dedutíveis e intercambiaveis.

I-14 Relacionando tangente e secante editar

Seja x uma variável que expressa o ângulo em cada ponto do ciclo trigonométrico, entre podemos afirmar que:


Conforme visto nos conceitos iniciais logo acima, a relação é conseqüência direta das relações triangulares que definem as funções tangente e secante.

I-15 Tangente da diferença editar

Sendo a e b dois ângulos no ciclo trigonométrico:


Comprovação:

Considerando a definição da tangente temos:

Resultando em:

O que comprova a identidade.

I-16 Tangente da soma editar


Comprovação:

Admitamos e teremos pela tangente da diferença:

Considerando que a tangente é:

E que o seno é determinante para o sinal enquanto o cosseno não é, concluímos que o sinal da tangente é igual ao da variável, tal qual se comporta o seno, logo:

O que comprova a identidade.

Derivada da tangente editar

Seja , uma função contínua em , visto que , o que nos obriga a excluí-lo do intervalo, podemos verificar que:

logo, pela derivada da razão:

Portanto:


Derivada da secante editar

Seja , uma função contínua em , visto que , o que nos obriga a excluí-lo do intervalo, podemos verificar que:

logo, pela derivada da razão:

O que nos revela:


Integral da tangente editar

Seja a função , definida contínua no intervalo onde seus valores estão sendo considerados, podemos deduzir que:

Por outro lado, se:

O que nos possibilita afirmar que:

Portanto:


Integral da secante editar

Seja a função , dizemos que sua integral é a função e podemos deduzí-la através de substituições algébricas como segue:

multiplicando e dividindo :

Por outro lado, se:

,

logo, por substituição, temos:

, sendo , o que nos permite fazer:

Portanto:


Cotangente e cossecante editar

Considerando a semelhança entre as definições das funções trigonométricas até aqui abordadas, observamos que para cada função, curiosamente há uma "co-função", assim como temos um seno e um "co-seno" temos uma tangente e uma "co-tangente". A função cotangente é definida tal qual a analogia adotada antes para seno e cosseno; podemos dizer que as funções estão relacionadas ao eixo y e as "co-funções" estão relacionadas ao eixo x, a imagem de um ponto no ciclo trigonométrico a partir do eixo x é o cosseno do ângulo e o seno é a imagem do mesmo ponto vista pelo eixo y. Para verificar essa relação observe o gráfico:

Figura 8

Se nós fizermos a mesma observação entre tangente e cotangente concluiremos que a tangente é a imagem deste ponto do ciclo trigonométrico no eixo paralelo ao eixo y traçado a partir da coordenada (1,0) e a cotangente é a sua "co-função" que espelha o ponto no eixo paralelo ao eixo x na coordenada (0,1). Segundo o mesmo critério de analogia podemos dizer que a função cossecante é o valor da hipotenusa do triângulo formado entre o raio unitário do ciclo e a cotangente relacionada a um ponto do ciclo, da mesma forma que a secante é o valor da hipotenusa do triângulo formado entre o raio unitário do ciclo e a tangente do mesmo ponto.

Podemos deduzir a fórmula de definição da função cotangente fazendo uma análise de semelhança de triângulos, notamos no ciclo que:

O que nos revela:


Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas da lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações ou para representação de cotangente e cossecante respectivamente, utilizadas na língua inglesa.

Da mesma forma podemos verificar uma relação de semelhança de triângulos para determinar a cossecante, vemos que existe a seguinte relação:

Que define a cossecante como:



Identidades (3) editar

Algumas identidades são conseqüentes das definições, apresentamos as mais usuais que poderão ser úteis nos demais capítulos deste livro, as identidades, de modo geral, são altamente intercambiáveis devido a natureza cíclica das funções trigonométricas, no nosso estudo abordamos as mais utilizadas.

Conseqüentes das definições:







Derivada da cotangente editar

Seja a função , considerando que:

Novamente usamos a regra da derivada da razão:

Portanto:


Derivada da cossecante editar

Seja a função , considerando que:

Novamente usamos a regra da derivada da razão:

Portanto:


Integral da cotangente editar

Seja a função , considerando que:

Sua integral é:

Sendo :

Logo:

E, por substituição:


Integral da cossecante editar

Seja a função ,

Sua integral é:

Sendo :

Podemos então multiplicar e dividir u na equação da integral anterior:

Logo:

E, por substituição:



Inversas das trigonométricas editar

O conjunto de equações até o momento abordadas nos trazem uma nova questão: Quais as funções que nos permitem encontrar o ângulo a partir do resultado de uma função trigonométrica?

A resposta está nas inversas das funções trigonométricas, também chamamos de arc-funções. Uma arc-função é uma função na qual podemos inserir o valor da função e encontrar o arco que originou este resultado, por isto dizemos que a é aquela que retorna o valor do arco cuja função resulta em x.

arcseno e arccosseno editar

Conforme o anteriormente exposto, temos que encontrar as funções que nos dão o valor do arco que forma um seno x e o arco que forma um cosseno x, para isto cabe uma observação:

  1. O seno e o cosseno podem ser resultado de vários ângulos diferentes, devido a característica cíclica que as mesmas apresentam quando assumimos valores em , portanto não existem as funções inversas do seno e cosseno neste intervalo.

O exposto nos obriga a limitar o intervalo do seno e do cosseno dentro de uma faixa que possibilite encontrar apenas um arco para cada valor, é necessário que escolhamos um intervalo onde as funções sejam monótonas. Considerando a função seno dentro da faixa: , podemos dizer que a condição de inversibilidade é satisfeita, da mesma forma a função cosseno dentro da faixa: também apresenta valores únicos para cada arco tomado.

Assim, dizemos que:


Da mesma forma que:


Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas inversas da lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações ou ou ou ainda para representação de arcseno e arccosseno respectivamente, utilizadas na língua inglesa.

Derivadas do arcseno e arccosseno editar

Seja a função , sendo a sua inversa:

,

podemos operá-la desta forma:

,

Por outro lado:

O que nos dá:

,

Logo:


Ainda temos que a função , sendo a sua inversa:

,

podemos operá-la desta forma:

,

Por outro lado:

O que nos dá:

,

Logo:


Integrais do arcseno e arccosseno editar

Para integração das funções arcseno e arccosseno, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.

Arctangente e arccotangente editar

Definimos a função:

,

arctangente de x, como a inversa da função:

, 
Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas inversas da lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações ou ou ou ainda para representação de arctangente e arccotangente respectivamente, utilizadas na língua inglesa.

tangente de y, para todo o intervalo , porque no mesmo há apenas um valor de tangente para cada arco.

Do mesmo modo podemos definir a função:

,

arccotangente de t, como a inversa da função:

,

cotangente de z, para todo o intervalo , porque no mesmo há apenas um valor de cotangente para cada arco.

Derivadas da arctangente e arccotangente editar

Seja a função , sendo a sua inversa:

,

podemos operá-la desta forma:

,

Por outro lado:

O que nos dá:

,

Logo:


Ainda temos que a função , sendo a sua inversa:

.

Por outro lado:

O que nos dá:

,

Logo:


Integrais da arctangente e arccotangente editar

Para integração das funções arctangente e arccotangente, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.

Arcsecante e arccossecante editar

Definimos a função:

,

arcsecante de x, como a inversa da função:

, 
Observações: Este livro utiliza a notação de funções trigonométricas inversas da lingua portuguesa, também é possível encontrar, em outros livros, as notações ou ou ou para representação de arcsecante e arccossecante respectivamente, utilizadas na língua inglesa.

secante de y, para os intervalos de x: , onde, nos mesmos, há apenas um valor de secante para cada arco.

A função é relacionada a função como segue:


Do mesmo modo podemos definir a função:

,

arccosecante de t, como a inversa da função:

,

cosecante de y, para os intervalos de x: , onde, nos mesmos, há apenas um valor de secante para cada arco.

A função é relacionada a função como segue:


Derivadas da arcsecante e arccossecante editar

Seja a função:

que tem correspondência em:

Sendo:

Portanto:



para 

Integrais da arcsecante e arccossecante editar

Para integração das funções arcsecante e arccossecante, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.

Trigonométricas inversas como integrais algébricas editar

Como resultado das derivadas de funções trigonométricas inversas algumas integrais de funções algébricas podem ser convertidas em "arc-funções", são elas:






Em todas, como é de costume, encontramos a constante de antidiferenciação C.


hiperbólicas editar

A hipérbole é uma das funções cônicas exploradas em geometria analítica e tem como característica uma íntima relação com as exponenciais e , as funções desta seção são obtidas segundo o mesmo princípio das funções trigonométricas utilizando-se da hipérbole como função geratriz, ou seja, para cada ponto cartesiano de um gráfico da hipérbole podemos adotar a análise feita no ciclo trigonométrico, desta análise resultam as funções discutidas nesta seção.

As funções hiperbólicas são essencialmente exponenciais, portanto o seu estudo é simplificado nesta seção, visto que suas conseqüências são imediatamente dedutíveis pelos princípios já vistos na seção que trata de funções exponenciais.

Seno e cosseno hiperbólicos editar

A função seno hiperbólico é obtida a partir da hipérbole da mesma forma que o seno no ciclo trigonométrico, sua definição pode ser obtida por análise geométrica do gráfico da hipérbole , onde encontramos:


A função cosseno hiperbólico, que referenciamos ao cosseno no ciclo trigonométrico pode ser encontrado pela seguinte expressão:


Sendo obtida de forma similar a anterior.

O fato destas funções serem resultantes da soma e subtração de uma exponencial crescente e uma exponencial decrescente lhes conferem propriedades únicas, do mesmo modo temos a possibilidade de fazer analogias para uma fácil assimilação dos seus conceitos. Estas funções também são largamente úteis devido ao fato de serem comuns em problemas reais na física, na química e nas engenharias.

Relacionando seno e cosseno hiperbólico editar

Considere a operação: ,

Da definição temos:

logo:


Derivada do seno hiperbólico editar

Seja a função seno hiperbólico , podemos dizer que:

sendo:

Portanto:


Derivada do cosseno hiperbólico editar

Seja a função cosseno hiperbólico , podemos dizer que:

sendo:

Portanto:


Integral do seno hiperbólico editar

A integral do seno hiperbólico também é facilmente obtida pela definição:

Concluimos que:


Integral do cosseno hiperbólico editar

A integral do cosseno hiperbólico também é facilmente obtida pela definição:

Concluimos que:


Tangente e secante hiperbólicas editar

Da mesma forma que no caso trigonométrico a tangente e as outras funções hiperbólicas são definidas através do seno e do cosseno, ou seja, a tangente é definida como:


ou


A secante hiperbólica é definida como:


ou


Relacionando tangente e secante hiperbólicas editar

Vamos desenvolver a expressão abaixo:

Portanto:


Derivada da tangente hiperbólica editar

Seja a função , temos:

Portanto:


Derivada da secante hiperbólica editar

Seja a função , temos:

e finalmente:


Integral da tangente hiperbólica editar

Seja a função , temos:

Se fizermos:

verificamos:

e finalmente:


Integral da secante hiperbólica editar

Para integração da função secante hiperbólica, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.

Cotangente e cossecante hiperbólicas editar

A cotangente hiperbólica é definida como:


ou


A cosecante hiperbólica é definida como:


ou


Relacionando cotangente e cossecante hiperbólicas editar

Vamos desenvolver a expressão abaixo:

Portanto:


Derivada da cotangente hiperbólica editar

Seja a função , temos:

Portanto:


Derivada da cossecante hiperbólica editar

Seja a função , temos:

e finalmente:


Integral da cotangente hiperbólica editar

Seja a função , temos:

Se fizermos:

verificamos:

e finalmente:


Integral da cossecante hiperbólica editar

Para integração da função cossecante hiperbólica, veja o capítulo de técnicas de integração, para uma completa abordagem do tema.

Inversas das hiperbólicas editar

As funções hiperbólicas inversas são particularmente interessantes, elas estão ligadas ao logaritmo natural e por este motivo, sua análise é excencialmente exponencial, como a análise das funções hiperbólicas, deste fato nascem novas possibilidades para lidar com problemas relacionados a análises de estruturas não lineares.

Análise da inversão das variáveis editar

As funções hiperbólicas são característicamente analisadas de forma semelhante às trigonométricas, o que nos sugere a análise da inversão das variáveis das equações hiperbólicas da forma:

,

Para a forma:

Isto é particularmente fácil de implementar para funções do tipo , que são funções monótonas e contínuas, para as demais que restringem sua continuidade em um determinado intervalo, devemos adotar faixas para o domínio de cada uma em particular.

É importante notar que, embora as funções hiperbólicas sejam semelhantes às trigonométricas, estas funções se baseiam em ângulos que devem ser analisados de forma diferente dos trigonométricos, lembre-se que o raio de uma função circular é constante, o que não acotece com uma função baseada em uma cônica, neste caso a hipérbole, por isso escolhemos a nomeclatura de argfunch(x), pois não podemos classificar os ângulos hiperbólicos como arcos.

argsenh e argcosenh editar

Agora consideremos a função , então:

Podemos fazer , logo:

O que resulta na equação:

cujas raízes são:

Podemos apenas admitir: , consequentemente:

Substituindo as variáveis x por y e t por x, temos a inversa de que é:


No caso de , a dedução é similar:

Podemos fazer , logo:

O que resulta na equação:

cujas raízes são:

Podemos apenas admitir: , consequentemente:

Substituindo as variáveis x por y e t por x, temos a inversa de que é:

,   

Derivadas de argsenh(x) e argcosh(x) editar

Considerando as fórmulas deduzidas acima, temos:

de onde deduzimos:

resultando:



E para

de onde deduzimos:

e finalmente:

,   

Integrais de argsenh(x) e argcosh(x) editar

As integrais destas funções precisam de um tratamento diferenciado, utilizando-se os métodos do próximo capítulo: Técnicas de integração, proponho que o leitor as faça como exercício do mesmo.

argtgh e argsech editar

Considerando , temos:

se :

o que resulta na equação:

cujas raízes são:

Onde apenas podemos admitir e :

Substituindo x por y e t por x:

Que é a inversa da , portanto:

,    

Ou,

,    

Considerando , temos:

se :

o que resulta na equação:

Cujas raízes são:

Onde apenas podemos admitir e :

Substituindo x por y e t por x:

Que é a inversa da , portanto:

,   

Derivadas de argtgh e argsech editar

Seja ,

Deduzimos que sua derivada é:

Que, depois de submetida à regra da cadeia e da razão, se torna:

e, finalmente:

,   

Note que, devido à limitação do domínio imposto pela variável na função primitiva, a derivada herda a mesma limitação, uma vez que a função não existe fora deste domínio.


Seja ,

Deduzimos que sua derivada é:

Que, depois de submetida à regra da cadeia e da razão, se torna:

e, finalmente:


Integrais de argtgh e argsech editar

As integrais destas funções precisam de um tratamento diferenciado, utilizando-se os métodos do próximo capítulo: Técnicas de integração, proponho que o leitor as faça como exercício do mesmo.

argcotgh e argcosech editar

Considerando , temos:

se :

o que resulta na equação:

cujas raízes são:

Onde apenas podemos admitir e :

Substituindo x por y e t por x:

Que é a inversa da , portanto:

,   

Ou,

,   

Considerando , temos:

se :

o que resulta na equação:

Cujas raízes são:

Onde apenas podemos admitir :

Substituindo x por y e t por x:

Que é a inversa da , portanto:


Derivadas de argcotgh e argcosech editar

Seja ,

Deduzimos que sua derivada é:

Que, depois de submetida à regra da cadeia e da razão, se torna:

e, finalmente:

,   

Note que, devido à limitação do domínio imposto pela variável na função primitiva, a derivada herda a mesma limitação, uma vez que a função não exite fora deste domínio.


Seja ,

Deduzimos que sua derivada é:

Que, depois de submetida à regra da cadeia e da razão, se torna:

e, finalmente:

,   

Integrais de argcotgh e argcosech editar

As integrais destas funções precisam de um tratamento diferenciado, utilizando-se os métodos do próximo capítulo: Técnicas de integração, proponho que o leitor as faça como exercício do mesmo.