Reis e Rainhas da Inglaterra /Os Normandos
Neste capítulo vamos dar uma olhada nos Normandos.
Os Normandos chegaram ao poder após invadir a Inglaterra em 1066, e continuaram no poder até 1154, quando o trono passou, através da linhagem feminina aos Plantagenetas.
Houve quatro reis Normandos– Guilherme I (William I), Guilherme II (William II), Henrique I (Henry I) e Estevão (Stephen) e, de modo muito breve, uma governante feminina– Matilda.
Vamos ver cada um deles por sua vez, logo abaixo.
Guilherme I (William I) (1066-1087)
editarGuilherme I também chamado Guilherme o Conquistador ou Guilherme o Bastardo nasceu por volta de 1028 em Falaise na Normandia, onde hoje é o norte da França.
Ele era o único filho de Roberto o Magnífico (Robert the Magnificent), Duque da Normandia, com sua amante Herleva.
Guilherme também era o sobrinho neto da Rainha Emma, esposa do Rei Ethelred o Imprudente e mais tarde, esposa do Rei Canuto da Inglaterra. Guilherme se tornou Duque da Normandia com sete anos de idade, quando seu pai morreu em 1035.
Com uma responsabilidade tão grande e ele tão criança, Guilherme possuía um bom número de tutores como também, de possíveis assassinos.
Guilherme teve que aprender a lidar com ameaças físicas desde muito jovem, e três de seus guardiães morreram ao tentar protegê-lo.
Quando Guilherme tinha 15 anos, o Rei Henrique I de França o sagrou cavaleiro e aos 19 anos, ele mesmo teve sucesso ao lidar com ameaças de rebelião e invasão.
Com o apoio do Rei Henrique, Guilherme finalmente assegurou o controle da Normandia derrotando os rebeldes barões Normandos em Caen, na Batalha de Val-ès-Dunes em 1047.
A Conquista Normanda da Inglaterra
editarEm 1066 o rei Anglo-Saxão, Rei Eduardo o Confessor (Edward the Confessor), morreu.
Guilherme que era primo de Eduardo, alegou que Eduardo, que morreu sem deixar filhos, o havia nomeado herdeiro durante uma visita à França. Além disso, o outro reclamante ao trono, Haroldo Godwinson, havia jurado apoiar Guilherme, quando de seu naufrágio na Normandia; contudo, a história de Guilherme podia nem ser verdadeira.
Depois que um encontro de nobres líderes da Inglaterra, o aprovaram, Haroldo foi coroado em 5 de janeiro.
Guilherme, no entanto, conseguiu que o Papa o apoiasse a sua causa. Ele mandou construir uma frota para a invasão com uns 600 navios e um exército de 7 000 homens.
Ele desembarcou em Pevensey em Sussex em 28 de setembro de 1066, colocou de pé um castelo de madeira pré-fabricado perto de Hastings e ali fincou sua base. Isso fez com que Haroldo se precipitasse para responder à ameaça, ele agiu com muita pressa ao invés de esperar reforços de Londres.
O Rei Haroldo Godwinson estava no norte da Inglaterra e tinha acabado de derrotar outro rival, o Rei Harald Hardrada da Noruega, que era apoiado pelo próprio irmão de Haroldo Godwinson, Tostig.
Haroldo marchou com um exército de tamanho similar ao de Guilherme, por 250 milhas em 9 dias, para desafiá-lo na batalha de Senlac, que mais tarde ficou conhecida como a Batalha de Hastings.
Isso ocorreu em 14 de outubro de 1066. De acordo com algumas narrativas, talvez baseado na interpretação da Tapeçaria Bayeux, que comemora a vitória Normanda, Haroldo foi morto por uma flecha que penetrou em seu olho, e as forças Inglesas fugiram dando a vitória a Guilherme. É muito mais provável que Haroldo tenha sido morto pelos golpes de espada.
Sem poder entrar em Londres imediatamente, Guilherme viajou até Wallingford, e foi ali que os primeiros nobres Anglo-Saxões se renderam a ele. Em Berkhamsted, Hertfordshire, outros nobres também se renderam, e lá ele foi aclamado Rei da Inglaterra.
Guilherme foi coroado no dia de Natal de 1066 na Abadia de Westminster.
Superando as Resistências
editarEmbora o sul da Inglaterra tenha se submetido rapidamente ao governo Normando, a resistência continuava, especialmente no norte, durante seis anos mais, até 1072.
Os filhos ilegítimos de Haroldo tentaram uma invasão na península sudoeste. Revoltas ocorreram em Welsh Marches e em Stafford e houve tentativas de invasão tanto dos Dinamarqueses quanto dos Escoceses.
A última séria resistência ao governo Normando foi a Revolta dos Condes em 1075. Já foi estimado que um quinto da população inglesa foi morta durante os anos pela guerra, por massacre ou pela fome.
Durante o reinado de Guilherme, a posse de praticamente todas as terras, e títulos para os cargos públicos e religiosos na Inglaterra, foram dados à Normandos. Muitos nobres Anglo-Saxões sobreviventes, emigraram para outros reinos europeus.
Guilherme também ordenou que se construíssem muitos castelos através da Inglaterra, com fossos e em colinas, entre eles a Torre de Londres (a Torre Branca) para garantir que as rebeliões dos cidadãos ingleses não tivessem sucesso.
Durante seu reinado o idioma Francês Normando, tomou o lugar do Inglês como a língua das classes dominantes, e isso durou quase 300 anos.
Domesday Book
editarConhecido como Domesday ou Book of Winchester.
Em dezembro de 1085, Guilherme queria saber a verdadeira extensão de seus novos domínios, e de acordo maximizar os impostos, para isso ele comissionou o Domesday Book, que nada mais era do que uma pesquisa da capacidade produtiva da Inglaterra, similar ao moderno censo.
Ele foi completado em agosto de 1086. Na ortografia da época se chamava "Doomsday" (na tradução livre seria o Dia do Julgamento) o que enfatizava a autoridade do livro e por ser definitivo (a analogia se refere a ideia do Julgamento Final do Cristianismo).
O Domesday Book é na realidade composto de dois trabalhos diferentes. Um chamado de Little Domesday (Pequeno Domesday) cobre os condados de Norfolk, Suffolk e Essex.
O outro o Great Domesday (Grande Domesday) cobre o resto da Inglaterra, exceto as terras do norte que mais tarde seriam Westmorland, Cumberland, Northumberland e County Durham (especialmente porque algumas dessas terras estavam sob o controle da Escócia nessa época).
Também não há pesquisas de Londres, Winchester e algumas outras cidades.
Em cada condado a lista começa com as propriedades do próprio rei (que provavelmente foram objeto de uma pesquisa separada); depois vinha a parte dos clérigos e das casas religiosas; depois estavam as dos locatários chefes leigos ou seja dos barões; e no final de tudo as propriedades das mulheres, dos servidores do rei, dos pequenos proprietários que tinham alguma terra e outros.
Além das propriedades rurais, que constituem sua estrutura, Domesday contém uma série de anotações a respeito da maior parte das cidades, as quais ali estavam provavelmente por causa de sua importância para Coroa em aumentar os impostos.
Filhos
editarEm 1053 Guilherme casou com sua prima Matilda de Flandres, contra a vontade do papa, Leão IX (Leo IX). Ele estava com 26 anos e ela com 22. Guilherme e Matilda tiveram quatro filhos homens. O primogênito foi Roberto Curthose e logo após nasceu Guilherme (William). O terceiro filho chamado Ricardo (Richard), faleceu em 1085 enquanto Guilherme I ainda estava vivo. O último filho foi Henrique (Henry). Guilherme e Matilda também tiveram muitas filhas, mas não se sabe exatamente quantas.
Morte e Legado
editarGuilherme morreu com a idade de 60 anos no Convento de St Gervais, perto de Rouen, França, no dia 9 de setembro de 1087.
Ele faleceu devido a ferimentos no abdome após ter caído do cavalo no Cerco de Mantes, e foi sepultado na Igreja de São Pedro (St. Peter's Church) em Caen, Normandia. O problema foi que seu corpo, gordo, explodiu enquanto os bispos tentavam enfiá-lo numa tumba de pedra que haviam preparado para ele.
Isso levantou um cheiro tão horrível que as pessoas que o velavam tiveram que sair.
Quando o Rei Guilherme I morreu, ele dividiu seu reino e as riquezas entre seus três filhos que estavam vivos.
O mais velho Roberto, se tornou Duque da Normandia; o segundo Guilherme, se tornou Rei da Inglaterra; e o mais novo Henrique, recebeu valores, mas ele se tornaria rei, após a morte de Guilherme II.
Guilherme II (William II) (1087-1100)
editarGuilherme II nasceu na Normandia em algum momento entre os anos 1056 e 1060. Ele foi apelidado "Rufus", que é a palavra latina para "vermelho", talvez por causa de seu rosto avermelhado.
Ele foi o segundo filho de Guilherme o Conquistador e se tornou Rei da Inglaterra de 1087 até 1100, com poderes também sobre a Normandia, e influência sobre a Escócia. Porém já não possuía o mesmo poder sobre Gales.
Observação sobre a figura do rei:
de acordo com Guilherme de Malmesbury (William of Malmesbury), Guilherme Rufus era uma figura sólida e musculosa com uma barriga protuberante; se vestia como um cavalheiro no fino da moda, e embora fosse chocante, ele usava o cabelo louro comprido, repartido no meio e deixando o rosto descoberto, de modo que a testa ficava aparente; e em seu rosto vermelho e colérico, os olhos mudavam de cor, salpicados de pontos de luz.
As Lutas pelo Poder
editarA divisão das terras de Guilherme o Conquistador em três partes, se tornou um problema para os nobres que possuíam terras, em ambos os lados do Canal.
Uma vez que Guilherme Rufus e Roberto eram rivais naturais, esses nobres sabiam que não poderiam agradar a ambos, e portanto se arriscavam a perder os favores de um governante ou do outro (ou de ambos).
A única solução que acharam para essa situação era unir a Inglaterra e a Normandia novamente sob um mesmo governante. Por esse motivo, eles se revoltaram contra Guilherme e apoiaram Roberto na Rebelião de 1088, sob a liderança do poderoso Bispo Odo de Bayeux, que era meio irmão de Guilherme o Conquistador.
Roberto não apareceu na Inglaterra para mobilizar seus partidários, e Guilherme ganhou o apoio dos Ingleses com valores e promessas de um governo melhor, e derrotou a rebelião, assim assegurando sua autoridade.
Em 1090 ele invadiu a Normandia, esmagando as forças de Roberto e o obrigando a abrir mão de parte de suas terras. Em 1091, Henrique, o irmão mais novo de Guilherme também tentou tirá-lo do trono.
Depois disso, Roberto e Guilherme acertaram suas diferenças e Guilherme concordou em ajudar Roberto a recuperar suas terras perdidas na França.
Mais tarde, Roberto escolheu Guilherme para governar a Normandia em seu lugar, quando partiu na Primeira Cruzada em 1096.
Muito do reinado de Guilherme foi passado em rixas com a igreja; após a morte, em 1086, de Lanfranc, que era Italiano-Normando e era o Arcebispo de Canterbury, Guilherme demorou a escolher um novo arcebispo enquanto recolhia um bocado do dinheiro da igreja para si mesmo.
Somente quando ficou seriamente doente em 1093 foi que ele escolheu outro Italiano-Normando, Anselmo de Bec (Anselm of Bec) como novo Arcebispo.
Tudo isso levou a um longo período de animosidade entre a igreja e o estado. Guilherme e Anselmo discordavam em muitas coisas os clérigos ingleses, que dependiam do rei para viver, não podiam apoiar Anselmo em público.
Guilherme convocou um conselho em Rockingham em 1095 para colocar Anselmo na linha, obediente a ele. Mas, o clérigo apelou para Roma. Em outubro de 1097, Anselmo foi para o exílio, levando seu caso até o Papa.
O novo papa era o Papa Urbano II (Pope Urban II), que não estava em posição de fazer nenhum inimigo da realeza. O Imperador da Alemanha apoiava o antipapa, e Urbano chegou a um acordo com Guilherme.
Guilherme o reconheceria como Papa e Urbano aceitaria a posição de Guilherme nas suas disputas com Anselmo.
Guilherme ficou com a renda do arcebispado de Canterbury durante todo o tempo em que Anselmo ficou exilado, e Anselmo permaneceu no exílio até o reinado do sucessor de Guilherme, Henrique I.
Guilherme brigou com o rei Escocês, Malcolm III, o obrigando a prestar homenagem em 1091 e tomando o condado noroeste da Cumbria em 1092. Na Batalha de Alnwick, em 13 de novembro de 1093 Malcolm e seu filho foram mortos. Guilherme então ganhou o controle efetivo do trono escocês após a morte de Malcolm, quando escolheu um homem de nome Edgar para se tornar rei, posição que ele ocupou de 1097 até 1107.
Em seu próprio reino, Guilherme tinha um grande número de brigas com os nobres Normandos. Em 1095, Guilherme teve que reunir um exército contra o conde de Northumbria.
Outro nobre, Guilherme de Eu (William of Eu), também foi acusado de traição e o cegaram e castraram. No mesmo ano Guilherme II também liderou uma campanha mal sucedida em Gales. Ele tentou novamente em 1097 igualmente sem sucesso.
Ele foi para a Normandia em 1097 e desde então até 1099 fez campanhas na França, com algum sucesso. Na época de sua morte ele estava planejando ocupar a Aquitânia no sul da França.
Morte e Legado
editarGuilherme II foi assassinado enquanto caçava em New Forest em 2 de agosto 1100. As circunstâncias permanecem obscuras.
Durante a caçada o grupo se espalhou enquanto caçavam sua presa, e Guilherme, na companhia de Walter Tirel (ou Tyrell), Lorde de Poix, ficaram separados dos outros.
Essa foi a última vez que Guilherme foi visto com vida. Guilherme foi encontrado no dia seguinte por um grupo de camponeses locais, morto na floresta com uma flecha que perfurou seus pulmões.
Guilherme foi abandonado pelos nobres no local onde caiu, porque a lei e a ordem do reino morria com o rei, e eles tinham que fugir para suas terras Inglesas ou Normandas para assegurar seus interesses.
Conta a lenda que o corpo do rei foi carregado por um carvoeiro local chamado Purkis, até a Catedral de Winchester, na sua carroça. Uma pedra conhecida como Pedra Rufus marca o local onde se acredita que o rei caiu.
De acordo com os escritores anos depois do acontecimento, a morte de Guilherme não foi assassinato. Walter e Guilherme estavam caçando juntos e Walter lançou uma flecha que, ao invés de acertar na caça, acertou Guilherme no peito.
Walter tentou ajudá-lo, mas não havia mais nada que pudesse fazer. Com medo de ser acusado de assassinato, Walter entrou em pânico, pulou em seu cavalo e fugiu, chegando na França.
Como Guilherme II nunca se casou e não possuía herdeiros legítimos, o próximo rei foi seu irmão, Henrique (Henry).
Henrique I (Henry I) (1100-1135)
editarHenrique I da Inglaterra nasceu entre maio de 1068 e maio de 1069, provavelmente em Selby, Yorkshire. Ele foi o terceiro filho homem de Guilherme o Conquistador, e foi Rei da Inglaterra de 1100 até 1135.
Ele se tornou conhecido como Henry Beauclerc ou Henrique o Erudito por causa de seu interesse pelos estudos, e também pelo apelido de "Leão da Justiça" por causa das reformas legais que fez.
Henrique I se tornou rei após a morte de seu irmão, Guilherme II, que ocorreu quando seu irmão mais velho Roberto Curthose, que deveria suceder Guilherme II estava fora, participando da Primeira Cruzada.
O que levou Henrique a subir ao trono, foi, na verdade a ausência de Roberto além de sua péssima reputação dentre os nobres Normandos. Após ter sido aceito como rei pelos barões, Henrique foi coroado três dias mais tarde.
Ele conseguiu manter o apoio dos barões emitindo a Carta das Liberdades, que prometia aos barões certos direitos.
Seu reinado é notável por sua habilidade política, pelas melhorias na máquina governamental, pela integração entre os até então divididos, Anglo-Saxões e Normandos dentro do reino e por unir novamente os domínios de seu pai.
Henrique I foi provavelmente o primeiro governante Normando a ser fluente na língua inglesa.
Reinado de Henrique
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Em 1101, um ano depois que Henrique se tornou rei, seu irmão mais velho, Roberto, invadiu a Inglaterra na tentativa de tomar o trono.
Eles acertaram a paz no Tratado de Alton, onde Roberto aceitava Henrique como Rei da Inglaterra e retornava pacíficamente para a Normandia. Em troca Henrique concordava pagar a Roberto 2 000 marcos a cada ano.
Quatro anos depois, porém, Henrique atravessou o Canal da Mancha com um exército. Em 1106, ele derrotou o exército Normando de seu irmão na decisiva Batalha de Tinchebray.
Ele aprisionou seu irmão Roberto, e reclamou o Ducado da Normandia como posse da Inglaterra, e assim reuniu as terras de seu pai.
Henrique tentou diminuir seus problemas na Normandia, casando seu filho mais velho, Guilherme Adelin (William Adelin), com a filha de Fulk V, Conde d`Anjou, que nessa época era inimigo de Henrique.
Oito anos depois, após a morte de Guilherme, Henrique casou sua filha Matilda com o filho de Fulk, Geoffrey Plantageneta.
Foi isso que, mais tarde uniu os dois países sob o governo dos reis Plantagenetas.
Henrique precisava de dinheiro para fortalecer sua posição, e isso levou a um governo mais centralizado. Ele também fez um bom número de reformas nas leis, incluindo a Carta das Liberdades, e restaurando muitas leis do Rei Eduardo o Confessor.
Henrique também ficou conhecido por alguns atos brutais, sendo o mais famoso em 1119, após o genro do Rei Henrique, Eustace de Pacy, e Ralph Harnec, oficial da policia de Ivry tomarem como prisioneiros os filhos, um do outro, eles concordaram em soltá-los.
Eustace mandou cegar o filho de Harnec, e então Harnec exigiu vingança. O Rei Henrique permitiu que Harnec mandasse cegar e mutilar as duas filhas de Eustace, que também eram netas do próprio Henrique.
Eustace e sua esposa, Juliane, ficaram chocados e ameaçaram se rebelar. Henrique então combinou encontrar com sua filha, apenas porque sabia que ela queria vingança. Juliane se preparou para atirar com uma besta na tentativa de matar o pai, e foi portanto presa e confinada no castelo. Mas, ela escapou pulando de uma janela no pântano embaixo.
Alguns anos mais tarde Henrique, sua filha e seu genro voltaram a se falar.
Casamentos e Filhos
editarEm 1100 Henrique casou com Edith, filha do Rei Malcolm III da Escócia.
Uma vez que Edith era também sobrinha de Edgar Atheling, cujo filho era o Rei Edgar que Guilherme II havia colocado no trono da Escócia, o casamento uniu a linhagem Normanda com a antiga linhagem de reis Anglo-Saxões.
Esse casamento desagradou por demais os barões Normandos e para tentar agradá-los, Edith mudou seu nome para Matilda assim que se tornou rainha.
Henrique I teve dois filhos com Edith-Matilda, que morreram em 1118 – Matilda, que nasceu em fevereiro de 1102 e Guilherme Adelin, que nasceu em novembro de 1103.
Guilherme morreu quando o White Ship naufragou na costa da Normandia em 1120.
Em 1121 Henrique casou pela segunda vez. Sua nova esposa era Adeliza, filha de Godfrey I de Leuven, Duque da Baixa Lotharingia e Landgrave (uma espécie de conde) de Brabant, mas não tiveram filhos.
O Rei Henrique I teve apenas dois filhos legítimos, mas é famoso por bater o recorde de ser pai do maior número conhecido de filhos ilegítimos nascido de um rei Inglês, seriam entre 20 e 25 filhos.
Morte e Legado
editarHenrique visitou a Normandia em 1135 para visitar seus netos mais novos. Ele se encantou com as crianças, mas logo começou a brigar com sua filha e seu genro, e essas brigas o levaram a ficar mais tempo na Normandia do que ele originalmente havia planejado.
E foi lá, em St. Denis Le Fermont, na Normandia, que ele morreu de intoxicação alimentar ao comer lampreias estragadas, em dezembro de 1135.
Seus restos mortais foram enviados para a Inglaterra e sepultados na Abadia Reading, que Henrique havia fundado 14 anos antes.
Como não possuía herdeiros masculinos legítimos, desde que seu filho Guilherme morrera, Henrique fez com que os barões jurassem aceitar sua filha, Imperatriz Matilda, que também era a viúva de Henrique V o Imperador do Sacro Império Romano, como sua herdeira.
No entanto, o fato de ser mulher e seu novo casamento com um membro da Casa d´Anjou, um inimigo dos Normandos, deram oportunidade para que o sobrinho de Henrique, Estevão de Blois (Stephen of Blois), chegasse à Inglaterra para reclamar o trono com apoio popular.
Estevão (Stephen) (1135-1141, 1141-1154)
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Estevão nasceu por volta do ano 1096 em Blois na França. Ele era filho do Conde Estevão de Blois (Stephen of Blois) e de Adela, filha de Guilherme o Conquistador.
Ele foi o último Rei Normando da Inglaterra e reinou de 1135 até 1154, quando foi sucedido por seu primo, Henrique II (Henry II), o primeiro dos Reis Angevinos ou Plantagenetas.
Com a idade de mais ou menos 10 anos, Estevão foi levado à corte de seu tio Rei Henrique I.
Após se casar com a filha do Conde de Boulogne, que se chamava Matilda, ele se tornou governante conjunto de Boulogne em 1128.
Depois que Henrique I morreu em 1135, Estevão herdou o trono antes que a Imperatriz Matilda, filha de Henrique I, se tornasse rainha.
A Anarquia
editarUma vez coroado, Estevão ganhou o apoio da maior parte dos barões assim como do Papa Inocêncio II (Innocent II).
Os primeiros anos do seu reinado foram de paz, mas por volta de 1139 ele já era visto como fraco e indeciso. Roberto de Gloucester, meio irmão da Imperatriz Matilda, ameaçou começar uma guerra civil.
Esse período foi chamado A Anarquia.
Em fevereiro de 1141, Estevão lutou na Batalha de Lincoln contra Roberto, o primeiro Conde de Gloucester e Ranulph de Gernon, o segundo Conde de Chester. Estevão foi derrotado, capturado e aprisionado em Bristol pela Imperatriz Matilda que se tornou governante da Inglaterra, usando o título “Senhora dos Ingleses”. Veja abaixo mais sobre a Imperatriz Matilda. Ela não conseguiu controlar o reino e logo foi forçada a abandonar Londres, depois que o seu defensor mais capacitado, o Conde de Gloucester, foi capturado, Matilda foi forçada a soltar Estevão.
Estevão recuperou o trono em novembro de 1141 e em dezembro de 1142 estava sitiando Matilda em Oxford, mas ela conseguiu escapar.
Em 1147, o filho da Imperatriz Matilda, Henrique, decidiu ajudar sua mãe, levantando um pequeno exército e invadindo a Inglaterra.
Os rumores sobre o tamanho desse exército aterrorizaram os aliados de Estevão, embora, na verdade fosse um exército pequeno.
De qualquer forma, Henrique foi derrotado duas vezes em batalhas, e sem dinheiro para pagar seus soldados, Henrique pediu ajuda ao seu tio Roberto, o primeiro Conde de Gloucester, mas este lhe virou as costas.
Matilda foi forçada, finalmente a retornar à França, logo após a morte de Roberto de Gloucester.
Filhos
editarAlém de Eustace, Estevão e sua rainha Matilda, tiveram dois outros filhos, Baldwin, que morreu antes de 1135, e Guilherme que se tornou Conde de Mortain e Boulogne e Conde de Surrey ou Warenne.
Eles também tiveram duas filhas, Matilda e Marie de Boulogne. Além desses filhos, Estevão também teve pelo menos, três filhos ilegítimos.
Morte e Legado
editarEstevão se manteve no trono, embora de modo desconfortável pelo resto de sua vida.
Em 1150 Estevão deixou o cargo de governante de Boulogne, e em 1151, seu filho e herdeiro Eustace o assumiu. Porém Eustace morreu em 1153, e foi depois disso que Estevão assumiu um compromisso com a Imperatriz Matilda, de modo que o filho dela Henrique pudesse ser o próximo rei da Inglaterra.
Em 25 de outubro de 1154 Estevão morreu em Dover. Ele foi sepultado na Abadia Faversham, que ele fundou em 1147.
A respeito do reinado de Estevão, a “Cronica Anglo-Saxônica” diz:
Nos dias desse Rei não havia nada, apenas conflitos, maldade e pilhagem, rapidamente os grandes homens que eram traidores se ergueram contra ele. Quando os traidores viram que Estevão era bem humorado, gentil e fácil de lidar, que não inflingia punições, então eles cometeram todo tipo de crimes horríveis. ... E assim isso durou dezenove anos, enquanto Estevão foi Rei, até que a terra estava toda abandonada e manchada por causa desses atos. e os homens diziam abertamente que Cristo e seus anjos dormiam.
A “Cronica” também mencionou A Anarquia, isto e mais nós sofremos, foram dezenove invernos pelos nossos pecados.
Matilda (ou Maud) (1141)
editarImperatriz Maud é o título pelo qual Matilda, segundo filho e única filha mulher do Rei Henrique I da Inglaterra é conhecida.
Isso porque Matilda era um nome muito comum nessa época, e assim ela se tornou diferente. Matilda é a forma latina do nome "Maud".
Ela foi a primeira governante mulher da Inglaterra.
Vida
editarMatilda (também conhecida mais tarde como 'Imperatriz Maud'), filha de Henrique I, era a única herdeira legítima ao trono, após seu irmão Guilherme Atheling, se afogar no desastre do White Ship em 1120.
Aos oito anos de idade, ela foi enviada para a Alemanha, como future esposa de Henrique V, o Imperador do Sacro Império Romano.
Eles se casaram quando ela fez doze anos. Matilda se envolveu no governo desde muito jovem – por exemplo, ela se ocupou dos negócios na Itália na ausência de seu marido.
Quando Henrique morreu em 1125, Matilda retornou à Inglaterra, mantendo o título de Imperatriz – uma indicação de sua inata arrogância.
Em 1127, os nobres ingleses juraram aceitá-la como sucessora de Henrique I, mas seu casamento no ano seguinte com Geoffrey Plantageneta, conde de Anjou, não ajudou em nada: os Angevinos e Normandos eram inimigos há muito tempo.
Os nobres líderes da época, sentindo a fraqueza de Maud, decidiram apoiar Estevão, que foi proclamado rei com a morte de Henrique.
Ela teve apenas um importante apoio, que foi de seu meio irmão Roberto de Gloucester e foi por sugestão dele, que ela atravessou o Canal da Mancha em 1139 para lutar por sua herança. A guerra civil foi a consequência e dividiu a Inglaterra nos quatorze anos seguintes.
A grande chance de Matilda de tomar a coroa ocorreu quando Estevão foi capturado em Lincoln em 1141 – ela se declarou 'Senhora dos Ingleses' e proclamada rainha em Winchester em 8 de abril.
Mas ela desperdiçou um apoio potencial em Londres por culpa de sua arrogância e porque se recusou a considerar o pedido de corte de impostos. Em menos de três meses, ela já era perseguida e expulsa da cidade.
Estevão foi recolocado no trono, Matilda por duas vezes escapou de ser capturada: em Winchester fugiu montada a cavalo; e em Oxford Castle atravessando o gelo vestida de branco.
Em 1148 finalmente ela percebeu que nunca seria realmente rainha, então se retirou para a Normandia. Quando seu filho – conhecido até então como 'Henry FitzEmpress' – se tornou o rei Henrique II, em 1154, ela governou o ducado na sua ausência.
Matilda morreu 13 anos depois em Rouen.
Morte e Legado
editarEla se retirou para Rouen, na Normandia. Também interveio nas brigas entre seu filho mais velho Henrique e seu segundo filho Geoffrey, mas a paz entre os irmãos foi breve.
Geoffrey se rebelou contra Henrique duas vezes antes de sua morte repentina em 1158.
Maud morreu em Rouen em 10 de setembro de 1167, e foi sepultada na catedral de lá.
Em seu epitáfio se pode ler: Aqui jaz a filha, esposa e mãe de Henrique.
Referências
editarEsse texto no original, é baseado nas informações do Wikibook UK Constitution and Government e na Wikipedia.